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Resumo – Aluguel de ações: como funciona? Entenda a dinâmica, os cuidados e o que realmente importa nos alugueis de suas ações.
Você já ouviu falar em alugar ações?
Muita gente não sabe, mas é possível ganhar uma renda extra só por manter papéis na sua carteira. Funciona mais ou menos como alugar um imóvel: você continua sendo o dono, mas outra pessoa usa por um tempo e te paga por isso.
No caso das ações, essa outra pessoa geralmente quer fazer uma operação de venda a descoberto (o famoso “short”), e precisa dos papéis para isso.
Como funciona o aluguel de suas ações?
Na prática, é simples:
- Você autoriza sua corretora a disponibilizar suas ações para aluguel;
- Quando alguém se interessar, o sistema da B3 intermedeia o contrato;
- Enquanto suas ações estiverem alugadas, você recebe uma remuneração diária;
- E continua com todos os direitos – inclusive dividendos, se houver.
Parece ótimo, e muitas vezes é mesmo. Mas tem um ponto importante aqui:
isso não é o que vai fazer você ter sucesso nos investimentos no longo prazo.
Ganhar 0,5% ou 1% ao ano com aluguel pode ser útil, mas não substitui o que realmente faz diferença: constância nos aportes, paciência e visão de longo prazo.
É isso que transforma o jogo.
Vale a pena alugar suas ações?
Vale sim, especialmente se você tem ações de empresas com alta liquidez. Elas são mais procuradas para aluguel.
Mas é fundamental ter cuidado: quando suas ações estão alugadas, pode haver um pequeno atraso se você quiser vendê-las imediatamente.
Isso pode ser um problema se o mercado virar rápido e você precisar se desfazer do papel naquele momento.
Minha sugestão: não coloque toda a carteira para aluguel. Escolha bem quais ações fazem sentido e mantenha margem de manobra.
O que observar antes de aceitar o aluguel de ações
Antes de ativar essa função na corretora, vale prestar atenção em alguns pontos:
1. Taxa de remuneração
Essa taxa é geralmente expressa ao ano (ex: 3% ao ano), mas paga proporcional ao tempo em que a ação estiver alugada.
Ela varia conforme o papel e o momento do mercado.
Ações muito negociadas podem render pouco (0,5% a 2%), enquanto outras menos disponíveis para aluguel podem render mais.
Fique atento se sua corretora repassa 100% da taxa ou fica com uma parte.
2. Tributação
O rendimento do aluguel é tributado em 15% de imposto de renda, retido na fonte.
É simples, mas interfere se você costuma vender até R$ 20 mil por mês e aproveita a isenção — porque o aluguel entra no cálculo do limite. Além disso, é preciso declarar esses recebimentos anualmente.
3. Liquidez e agilidade para vender
Nem sempre dá pra vender na hora se a ação estiver alugada.
O processo de devolução é automático, mas pode levar 1 ou 2 dias úteis. Em momentos de alta volatilidade, isso pode ser inconveniente.
Por isso, o ideal é manter parte da carteira fora do programa, especialmente se você faz rebalanceamentos com frequência.
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Quando não vale a pena alugar suas ações?
Eu costumo evitar o aluguel de ações nas seguintes situações:
- Quando planejo vender o papel em breve;
- Quando a taxa oferecida é muito baixa e mal cobre os custos;
- Quando a corretora fica com uma fatia relevante do rendimento;
- Quando estou usando a ação como garantia em outra operação (ex: margem para opções).
O aluguel é um bônus. Um “extra”. Não deve atrapalhar sua estratégia principal.
Passo a passo (caso você queira testar)
Se mesmo com esses cuidados você quiser experimentar, o processo costuma ser assim:
- Acesse sua corretora e procure pela área de “empréstimo de ações” ou “doação para aluguel”;
- Ative a autorização para participação automática no programa da B3;
- Pronto. Quando houver demanda, o sistema registra o aluguel e os valores começam a aparecer na sua conta.
Então, é melhor alugar ou não suas ações?
Alugar ações é uma forma inteligente de extrair mais valor de ativos que você já possui. Mas não se iluda: esse não é o motor principal da sua rentabilidade no longo prazo.
O que muda o jogo de verdade é:
- Investir com frequência;
- Manter a disciplina, mesmo em momentos ruins;
- Resistir à tentação de “mexer na carteira toda hora”;
- E aprender a conviver com o sobe e desce natural do mercado.
Se você tiver isso claro, o aluguel de ações pode ser só mais uma peça do seu quebra-cabeça financeiro — sem comprometer sua estratégia.
E se tiver dúvidas sobre como aplicar isso no seu caso, ou quiser continuar aprendendo sobre formas reais de construir patrimônio, me acompanha aqui no blog.
A gente se vê no próximo post.


Por João Victorino
João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.