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Resumo – O mundo das artes pode ser cheio de desafios, especialmente quando consideramos as adversidades que muitos artistas enfrentam ao longo de suas vidas. Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre Aleijadinho, o mais importante escultor do Brasil colonial.
O caminho da arte e seus desafios
A jornada de um artista é frequentemente marcada por obstáculos que vão além do talento.
No período colonial, muitos artistas enfrentavam dificuldades para viver exclusivamente da sua arte. Sem as facilidades de comunicação e divulgação que temos hoje, eles precisavam lidar com limitações econômicas e de acesso a materiais, o que tornava o caminho ainda mais árduo.
No caso de Aleijadinho, sua genialidade foi reconhecida (ainda que tardiamente), mas ele também enfrentou limitações financeiras e de saúde. A arte, para ele, era mais do que uma fonte de renda: era sua forma de expressão e conexão com o mundo. Mesmo em meio à doença e às adversidades, sua determinação o levou a deixar um legado grandioso, provando que, para muitos artistas, a perseverança e a paixão são tão fundamentais quanto o talento.
Este desafio de equilibrar arte, saúde e sustento é algo que atravessa séculos e ainda hoje faz parte da vida de muitos criadores. A história de Aleijadinho nos inspira a ver a arte como um reflexo da alma, mas também como uma luta constante pela superação dos obstáculos da vida.
Trajetória de Aleijadinho no mundo das artes
Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, nasceu em 1734 em Vila Rica (atual Ouro Preto), Minas Gerais, filho de um mestre de obras português e uma escravizada africana. Desde cedo, ele foi exposto ao mundo da arquitetura e escultura, aprendendo o ofício com seu pai, o que o colocou no caminho das artes.
Aleijadinho tornou-se uma figura central do Barroco brasileiro, sendo amplamente reconhecido por suas obras religiosas e esculturas em pedra-sabão e madeira, muitas delas presentes em igrejas e santuários em Minas Gerais. Sua principal obra é o conjunto escultórico dos 12 Profetas, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, além das famosas estações da Via Sacra.
Ele trabalhou para a Igreja Católica e para ordens religiosas, como a Ordem Terceira de São Francisco e a Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, realizando diversas encomendas para igrejas, que eram os maiores patrocinadores das artes naquele período.
No entanto, o reconhecimento em vida por sua obra veio tardiamente, pois, como era um mestiço, não era permitido a ele assinar nem sua obra, nem os livros de registro de pagamentos.
Seu estilo único, marcado pela expressividade das figuras e pelos detalhes minuciosos, consolidou sua fama como o maior escultor e arquiteto do Brasil colonial.
E quando a fama finalmente chegou, junto vieram as limitações físicas impostas pela doença degenerativa que o acometeu. Ainda assim, Aleijadinho continuou trabalhando até o fim da vida, muitas vezes sendo auxiliado por aprendizes e discípulos que seguiam suas orientações.
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Qual foi a doença de Aleijadinho?
A doença de Aleijadinho nunca foi confirmada de maneira definitiva, mas muitos historiadores acreditam que ele sofria de hanseníase, também conhecida como lepra. Essa doença degenerativa causou deformidades em suas mãos e pés, dificultando sua mobilidade e a realização de seu trabalho.
Há também outras teorias que sugerem que ele poderia ter sofrido de sífilis terciária ou uma doença reumatológica grave, mas a hanseníase é a explicação mais amplamente aceita.
Vida financeira de Aleijadinho
A vida financeira de Aleijadinho, assim como a de muitos artistas de seu tempo, foi marcada por altos e baixos. Apesar de sua genialidade e das inúmeras encomendas que recebeu ao longo da vida, não há indícios de que ele tenha conseguido acumular grande riqueza. Pelo contrário, relatos indicam que, em seus últimos anos, sua condição financeira era modesta.
Vários fatores contribuíram para essa realidade. Primeiro, a doença que o acometeu o afastou gradativamente do trabalho e limitou sua capacidade de continuar produzindo com a mesma intensidade. Além disso, apesar de trabalhar em grandes obras para a Igreja, a remuneração dos artistas naquela época não era alta, e eles muitas vezes enfrentavam dificuldades financeiras.
Aleijadinho também enfrentou problemas relacionados à escravidão, já que sendo filho de uma escrava, ele carregava o estigma social da época, o que provavelmente impactou sua mobilidade social e financeira.
Possíveis aprendizados
Uma grande ressalva que devemos fazer ao analisar a história de Aleijadinho é que os conhecimentos financeiros que temos hoje, assim como o acesso a informações sobre planejamento e investimentos, não estavam disponíveis no passado.
Naquela época, guardar dinheiro era muito mais difícil, especialmente para quem não fazia parte da nobreza ou de classes mais privilegiadas. As opções de acúmulo de riqueza, segurança financeira e planejamento eram limitadas, e muitas vezes dependiam de fatores como herança ou patrocínio de figuras influentes.
Mesmo assim, a história de Aleijadinho nos oferece importantes lições financeiras que podemos aplicar à realidade atual:
1. Diversificação de renda
Aleijadinho dependia muito das encomendas de obras para a Igreja, sua principal fonte de renda. Isso demonstra a importância de não depender exclusivamente de uma única fonte de receita. Hoje, a diversificação de renda é fundamental para garantir estabilidade em tempos de crise ou mudanças no mercado.
2. Planejamento para imprevistos
A doença de Aleijadinho limitou sua capacidade de trabalho no auge de sua carreira, ressaltando a importância de ter um planejamento financeiro para situações imprevistas. Ter uma reserva de emergência é essencial para enfrentar momentos de dificuldade, algo que Aleijadinho não teve acesso.
3. Boa gestão dos ganhos
Mesmo com renome e diversas encomendas, Aleijadinho teve uma vida financeira modesta. Isso nos ensina a importância de administrar bem os ganhos, controlando as despesas e planejando o futuro, para evitar problemas financeiros, independentemente do nível de sucesso na carreira.
Fontes
Enciclopédia Britânica.
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
UNESCO
Museu Aleijadinho.
“Arte Colonial no Brasil” de Germain Bazin
“Aleijadinho: Vida e Obra” de Sylvio de Vasconcellos.
Por João Victorino
João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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