Sumário

Tamanho da fonte-+=
Tamanho da fonte-+=

Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?

4 min para ler
Tamanho da fonte-+=
Getting your Trinity Audio player ready...
Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?
Dreamstime - Tetiana Chernykova

Resumo – Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda? Neste texto, explico como a dupla cidadania impacta suas obrigações fiscais.

 

Com cerca de 30 milhões de ítalo-brasileiros, o Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de italianos fora da Itália. Esse movimento migratório começou no final do século XIX, principalmente devido à crise econômica que assolava a Itália e à busca por trabalho no Brasil, especialmente nas lavouras de café em estados como São Paulo e Paraná.

Hoje, muitos descendentes buscam a dupla cidadania italiana, tanto para resgatar a identidade cultural quanto para aproveitar benefícios práticos, como a possibilidade de trabalhar e estudar na Europa. 

No entanto, uma dúvida comum é: como a dupla cidadania impacta a declaração de imposto de renda? Neste artigo, explicamos o que você precisa saber para estar em dia com as obrigações fiscais nos dois países.

 

Residência fiscal: onde você deve pagar impostos?

 

Ter a cidadania italiana não significa necessariamente que você pagará impostos na Itália. O que define onde você deve declarar sua renda é a residência fiscal.

  • Residente fiscal no Brasil: Se você passar mais de 183 dias por ano no Brasil, continuará sendo considerado residente fiscal brasileiro. Isso significa que deve declarar todo o seu patrimônio e rendas, inclusive as que possua no exterior.
  • Residente fiscal na Itália: Se decidir morar na Itália por mais de 183 dias ao ano, passará a ser residente fiscal italiano. Nesse caso, suas rendas e bens, tanto dentro quanto fora da Itália, deverão ser informados à Receita italiana.

 

Evitando a bitributação: o acordo Brasil-Itália

 

Brasil e Itália têm um Acordo de Bitributação para evitar que você pague impostos duas vezes sobre a mesma renda. A renda tributada no Brasil pode ser abatida da declaração na Itália e vice-versa.

  • Exemplo prático: Se você recebe aluguel de um imóvel no Brasil e já pagou impostos aqui, pode informar isso na Itália para evitar uma dupla cobrança. O mesmo vale para dividendos, salários ou aposentadoria.

 

Patrimônio e renda no exterior: como declarar?

 

Mesmo que você resida no Brasil e tenha a dupla cidadania italiana, toda renda e patrimônio no exterior precisam ser declarados à Receita Federal brasileira. Isso inclui:

  • Contas bancárias na Itália;
  • Imóveis e investimentos mantidos em território italiano;
  • Recebimento de heranças ou doações de familiares na Itália.

Já na Itália, residentes fiscais devem declarar investimentos e bens mantidos fora do país e pagar impostos específicos sobre patrimônio no exterior, como o IVAFE, que incide sobre contas e ativos financeiros estrangeiros.

 

Herança e doações

 

A Itália aplica impostos sobre heranças e doações, mas com alíquotas mais baixas que no Brasil. Mesmo que você viva fora da Itália, é importante entender se o imposto pode incidir sobre bens herdados de alguém que vivia em território italiano.

Acompanhe nosso canal no youtube

Renda de investimentos na Itália

 

Se você mantém investimentos ou imóveis na Itália, é fundamental saber como eles serão tratados fiscalmente:

  • No Brasil: Esses rendimentos precisam ser informados na declaração de imposto de renda brasileira e, dependendo do valor, podem ser tributados mensalmente via Carnê-Leão.
  • Na Itália: Se você morar na Itália, a Receita italiana exigirá que esses rendimentos sejam declarados, com a possibilidade de cobrança adicional de impostos.

 

Incentivos fiscais na Itália para expatriados

 

Se você pretende se mudar para a Itália, há benefícios fiscais para expatriados, como descontos em impostos sobre renda por um período limitado. Esses incentivos visam atrair profissionais qualificados e repovoar regiões menos desenvolvidas do país.

 

Impacto econômico da comunidade ítalo-brasileira

 

Com uma presença tão expressiva, os ítalo-brasileiros têm contribuído não apenas para a economia do Brasil, mas também para a manutenção de vínculos entre os dois países. Nos últimos anos, a demanda por cidadania italiana aumentou, gerando filas nos consulados e estimulando o mercado de serviços de cidadania, advocacia e planejamento fiscal. 

 

Planejamento é essencial

 

Obter a dupla cidadania italiana pode trazer oportunidades incríveis, mas também exige atenção às obrigações fiscais. Entender o conceito de residência fiscal e as regras de bitributação é essencial para evitar surpresas.

Se você planeja manter investimentos ou se mudar para a Itália, um planejamento tributário cuidadoso pode facilitar a transição e evitar a bitributação. Conte com um contador especializado em tributação internacional para garantir que você esteja em dia com as exigências dos dois países.

Com o conhecimento e o preparo certos, você poderá aproveitar ao máximo os benefícios da dupla cidadania sem complicações fiscais.

 

Fontes

 

Gov.br

Planalto.gov

 

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

Você também pode se interessar:

61 Visualizações
0Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *