Saúde financeira na pandemia

A chegada da pandemia da Covid-19 nos obrigou a mudar muitos aspectos de nossas vidas. Com essas mudanças, um grande número de pessoas ficou sem uma fonte de renda capaz de garantir seu sustento. Além disso, vimos que poucos estavam preparados financeiramente para lidar com uma situação de emergência do tipo. Neste artigo, discutimos sobre este assunto e sugerimos alguns questionamentos para nossa vida em sociedade.

Saúde financeira na pandemia

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Eldar Nurkovic / shutterstock

 

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Resumo A chegada da pandemia da Covid-19 nos obrigou a mudar muitos aspectos de nossas vidas. Com essas mudanças, um grande número de pessoas ficou sem uma fonte de renda capaz de garantir seu sustento. Além disso, vimos que poucos estavam preparados financeiramente para lidar com uma situação de emergência do tipo. Neste artigo, discutimos sobre este assunto e sugerimos alguns questionamentos para nossa vida em sociedade.

 

Crises sanitárias e financeiras no Brasil

 

A pandemia do Covid-19, que chegou ao Brasil em março de 2020, pegou a todos de surpresa. Isso é um fato. Apenas 33% dos brasileiros conseguiram guardar um dinheirinho em 2018 (1); isso é outro fato.

Em conjunto, esses dados podem ser entendidos se pensarmos que o confisco das cadernetas de poupança, realizado pelo então presidente Fernando Collor em 1990, gerou grande desconfiança no que se refere à poupança. Antes disso, entre as décadas de 1980 e 1990, a hiperinflação (quando o preço dos bens, produtos e serviços aumenta muito em um período curtíssimo de tempo) levava a população a transformar imediatamente a sua renda em bens de consumo diário, para não correr o risco de, no dia seguinte, o produto estar o dobro, ou triplo do preço (2).

Esses dois acontecimentos históricos deixaram, até hoje, consequências profundas na relação que o brasileiro tem com o dinheiro. Depois disso, muitos dos atuais pais, mães, avôs ou avós não passaram às gerações seguintes o hábito de poupar. E a pandemia evidenciou isso, quando muitas pessoas tiveram que suspender suas atividades que geram renda, sem ter uma reserva emergencial onde se apoiar. Dessa forma, o momento já bastante delicado pelo qual estamos passando tornou-se ainda mais preocupante.

 

O que podemos aprender com estes acontecimentos?

 

Apesar de toda a tensão, a crise sanitária trouxe alguns aprendizados e, dentre eles, questionamentos: como consumimos? Quanto consumidos? O que consumimos para além do necessário? Este excedente (o que sobra) não poderia ser revertido para uma poupança para situações de emergência, ou até um objetivo de vida? Como as adaptações necessárias em função da pandemia estão afetando nossas finanças no que se refere a deslocamento, alimentação, lazer, etc?

A partir dessas questões, podemos concluir que cuidar das nossas finanças não se resume apenas ao dinheiro. Esses questionamentos também falam de temas como consumismo, sustentabilidade, poupança, planejamento, emergências, sonhos, enfim, um leque muito maior do que se pensava inicialmente. Mesmo nessas circunstâncias, devemos aproveitar esses aprendizados para mudar hábitos e olhar, não só para a nossa saúde física, mas também para nossa saúde financeira.

 

Fontes

 

  • (1) Anbima
  • (2) FERREIRA, V.R.M. Psicologia Econômica – estudo do comportamento econômico e da tomada de decisão. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2008.

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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