O machado salpicado é o melhor

Este texto nos conta sobre uma passagem relatada por Benjamin Franklin em sua biografia. Nessa história, vamos entender que existem preços a se pagar se o nosso objetivo for atingir a excelência, em qualquer área de nossas vidas.

O machado salpicado é o melhor

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Foto: Vitalli Khailov / shutterstock
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Foto: Vitalli Khailov / shutterstock
Resumo: Este texto nos conta sobre uma passagem relatada por Benjamin Franklin em sua biografia. Nessa história, vamos entender que existem preços a se pagar se o nosso objetivo for atingir a excelência, em qualquer área de nossas vidas.
 
 

Quem foi Benjamin Franklin?

 

Benjamin Franklin é uma das pessoas mais importantes do século 17 na história americana e no mundo. Foi inventor, político, escritor, tipógrafo, diplomata, criador de universidades, institutos de pesquisa, organizações sociais e empreendedor.
 
Talvez seja hoje mais conhecido por estampar a nota de cem dólares. Mas, se hoje menos pessoas morrem atingidos por raios em uma tempestade, isso se deve a ele, que inventou o pára-raios.
 
Ele conta uma passagem em sua biografia muito interessante e saborosa. Certa vez, um sujeito que ele conhecia comprou uma machado e o levou a um ferreiro para que este afiasse o gume da ferramenta.
 
 

A história do machado salpicado

 

O gume, para quem não sabe, é a parte do machado que tem o fio, que é mais afiada e que entra em contato com a madeira para cortá-la. Além do gume afiado, o sujeito pediu que o ferreiro deixasse toda a superfície da lâmina brilhando, ou seja , teria que afiar o resto da superfície metálica também.

O processo de afiar uma lâmina ocorre numa superfície de afiar, normalmente uma pedra de material abrasivo, montada em formato de roda, que é girada por algum tipo de pedal. Esse era mais ou menos o processo nos tempos dessa história.
 
O nosso ferreiro concordou em fazer esse serviço ampliado, desde que o cliente fizesse a parte de acionar o pedal da pedra de amolar. Após iniciado o trabalho, o sujeito, não acostumado com a dureza da tarefa, perguntava a cada breve intervalo de tempo como estava indo o processo.
 
 

A pessoa metida a especialista

 
 
O cliente estava se cansando rapidamente de pedalar aquele engenho, que é uma atividade que exige muito esforço. Por várias vezes, o cliente parou de pedalar para conferir junto ao ferreiro como estava o serviço.
 
O ferreiro, por seu lado, como profissional dedicado que era, solicitava que o cliente não parasse de pedalar, já que este era um serviço minucioso e tomaria tempo, evoluindo aos poucos. O ferreiro, então, orientava ao cliente para que mantivesse o ritmo, sem interrupções.
 
Em dado momento, o cliente, já extenuado, afirmou “acho que já está bom” ao que o ferreiro respondeu “o serviço não está bom ainda, o machado só está salpicado” e o cliente, desistindo da tarefa a qual não conhecia e não avaliava o tamanho do esforço, concluiu “acho que vou ficar com o machado salpicado mesmo”.
 
 

Lições que podemos tirar dessa passagem

 

Algumas vezes, queremos resultados excelentes e somos exigentes em relação a isso. Sem levar em conta o esforço que vai ser colocado nisso. E também sem ouvir os especialistas.
 
Resultados excelentes não são a constante na vida. A maior parte dos resultados, quando temos sorte e dedicação, é média, outro tanto, razoável e alguns são ruins mesmo.
 
Se queremos resultados excelentes, é bom saber o custo disso antes. Não se acha excelência com custos, preços ou esforços abaixo da média.
 
E, se não queremos pagar o preço que a excelência exige e desejamos fazer por conta própria, como sugere a história acima, precisamos dedicar tempo e esforço proporcional ao que um especialista dedica.
 
 

A regra é clara

 
 
Se você deseja resultados excelentes em sua vida financeira e não entende do assunto, e não tem a intenção de estudar e de se dedicar, vai ter que recorrer a profissionais do assunto para te ajudar. E é claro, remunerar essa excelência que você está contratando.
 
Se desejar fazer essa atividade – o que sugerimos fortemente como a melhor opção – dedique-se a aprender.
 
Primeiro, separe um tempo para conhecer sobre o assunto o máximo que puder. Não serão duas ou três lives de influencers que vão resolver o problema para você.
 
 

10 mil horas de voo

 

O escritor Malcolm Gladwell define em seu livro Foras de Série que uma pessoa precisa de 10.000 horas de estudo para se tornar expert em algum assunto. Veja só, isso é muito tempo. Não acreditamos que você precise dessa dedicação toda para melhorar o seu desempenho na vida financeira.
 
Com 1 ou 2 horas por semana de dedicação exclusiva, já dá para você aprender bastante coisa e sair do zero. No nosso portal tem muita informação boa para você começar.
 
Além dos nossos conteúdos, existe muita coisa disponível na internet. O problema é a qualidade do material. Verifique sempre a história da pessoa que está tentando te ensinar, ou passar conteúdo. Veja se não é um aventureiro, apressadamente tentando te vender cursos ou produtos/serviços financeiros estranhos.
 
As mídias sociais estão cheias de falsos gurus, influenciadores que chegaram hoje no assunto, e lacradores de plantão. Tome cuidado! Como diz o ditado, “nem tudo o que reluz é ouro”.
 
E tenha sempre em mente que o processo para aprender sobre finanças é como outro assunto qualquer, demanda tempo e dedicação e não tem atalho.
 
Depois que começar, faça o máximo para se manter no jogo. Continue, persista. Senão, o máximo que conseguirá é um machado salpicado.
 

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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