Alternativas para momentos de endividamento

Recebemos uma pergunta de uma seguidora endividada, dizendo não saber o que fazer para sair dessa situação. Veja nossa resposta a ela.

Alternativas para momentos de endividamento

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Recebemos uma consulta de uma seguidora com a seguinte mensagem: 

 

“Estou muito endividada, logo mais o meu nome vai para a inadimplência. Você acha que devo esperar um pouco para negociar cada dívida? Pois no momento não tenho como pagar. As parcelas são altas e os juros são abusivos.”

 

Esclarecendo alguns pontos importantes

 

Primeiro, precisamos deixar claro mais uma vez que estar endividado não é motivo de vergonha para ninguém, ou seja, a pessoa não precisa se sentir diminuída por conta dessa situação. 

Ninguém tem o direito de tratar mal, menosprezar, tentar humilhar uma pessoa que esteja em situação de endividamento. É preciso enfrentar esta situação de cabeça erguida!

Segundo ponto importante é que não existe um conselho que sirva para todos os casos, cada um tem uma determinada situação a ser levada em consideração, como o momento de vida em específico, se a pessoa vive com a família, quais os custos mínimos para a pessoa viver, qual a perspectiva de aumentar renda, quais as características das dívidas, dos juros, do prazo de cada uma e por aí vai.

 

O que NÃO fazer nesta situação?

 

A falta desses detalhes também não permite que façamos alguma sugestão mais objetiva.

De maneira geral, indicamos que as pessoas procurem não acumular dívidas. Mas quando elas saem do controle, apenas esperar que apareça uma oportunidade de renegociação (reduzindo juros e parte da dívida) não é uma boa ideia, uma vez que o saldo devedor continua aumentando.

O que muitas pessoas não levam em conta é que condições vantajosas de renegociação podem demorar muito a acontecer, ou mesmo nunca ocorrerem e, durante este período, o nome da pessoa ficará “sujo”, inadimplente, como ela mesma descreveu.

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O que ela poderia fazer

 

Eu tentaria uma renegociação com os credores, numa conversa “olho no olho” com cada um apresentando uma proposta de pagamento. 

Seria preciso mapear todas as suas dívidas. Em seguida, mostrar a sua capacidade de pagamento do saldo devedor. E como fazer o cálculo desta capacidade de pagamento?

Você precisa ver o custo de suas despesas essenciais, como: moradia, alimentação, transporte e saúde. Você vai pegar esse custo total, subtrair da sua renda mensal e, assim, terá o valor disponível para apresentar uma proposta de quitação de dívidas. 

 

Durante a conversa

 

Por pior que ela seja, busque descrever o seu contexto com realismo, sem esconder a situação, e  buscando um acordo possível. E que, caso a proposta seja aceita, que ela seja cumprida à risco, para garantir a volta do seu crédito.

Em caso de dificuldade ou impossibilidade de chegar a um acordo com todos, tentar pelo menos dar prioridade àqueles que têm as taxas mais altas e, portanto, com mais potencial de prejudicar suas contas, deixando na sequência as dívidas com taxas menores.

Claro que isso pode exigir uma reavaliação geral das suas contas e localização do que pode ser cortado para gerar economia, a fim de poder pagar as parcelas acordadas. 

Eventualmente, você tem alguma coisa em casa que pode ser vendida para fazer frente a algum pagamento e ir aliviando a situação. Hoje em dia, existem plataformas para a venda de praticamente qualquer coisa: roupas, utensílios de casa, móveis, ferramentas, etc.

 

Procons estaduais: outra alternativa para os superendividados

 

Outra alternativa são os Procons que possuem núcleos de apoio aos superendividados. Em São Paulo, existe esse programa há bastante tempo.

Ele tem por objetivo: 

    • Análise de situação econômica,
    • Ofertar curso de orientação financeira e planilhas de apoio,
    • Suporte para renegociação de dívidas, 
    • Audiência de conciliação com a presença dos credores (se necessário). 

Segundo o site do Procon SP, o histórico de sucesso nas negociações é de 90% nos casos atendidos até o final.

Veja sites dos procons estaduais e municipais que disponibilizam este núcleo de apoio ao superendividado:

 

Se nada der certo

 

Caso quaisquer dessas alternativas sejam inviáveis e a situação seja muito difícil, talvez o caso seja de apelar para insolvência civil.

Insolvência civil é um processo empregado para formalizar a condição em que o indivíduo endividado possui dívidas superiores aos seus bens ou sua capacidade de quitação. 

Dessa forma, considera-se que ele não está em condições de satisfazer suas obrigações junto aos credores. 

Em termos alternativos, representa um meio de “decretar falência pessoal”.

Este procedimento retira muitas liberdades da pessoa endividada, e é considerado apenas o último recurso, usado apenas quando as demais opções já estiverem esgotadas.

JV 2

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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