Para investir em debêntures com segurança, o caminho começa pela escolha de uma boa corretora, passa por entender a escritura de emissão e termina na construção de uma carteira diversificada, que pode incluir tanto títulos individuais quanto fundos especializados. Neste processo, usar bases de dados confiáveis ajuda muito a aprofundar a análise das emissões, especialmente das debêntures incentivadas de infraestrutura.
1. Comece pela corretora e pelo seu perfil
O primeiro passo é abrir conta em uma corretora sólida, autorizada pela CVM e com boa estrutura de atendimento e educação financeira, já que é por ela que você terá acesso às ofertas de debêntures no mercado primário e aos títulos listados na B3 no mercado secundário. Depois do cadastro aprovado, você consegue acessar o home broker ou o app da instituição para buscar debêntures por emissor, data de vencimento, indexador (pós-fixado, IPCA, prefixado) e classificação de risco.
Antes de clicar em “comprar”, vale alinhar tudo com seu perfil de risco e seus objetivos: debêntures são renda fixa, mas não têm garantia do FGC e podem oscilar no curto prazo por causa da marcação a mercado. Nesse filtro inicial, foque em prazos compatíveis com o horizonte do seu planejamento, ratings melhores (em geral a partir de grau de investimento) e tipos de remuneração que façam sentido dentro da sua carteira de renda fixa.
2. Leia a escritura de emissão com atenção
Depois de encontrar um título que parece interessante, o próximo passo é abrir a escritura de emissão e os documentos da oferta no site da CVM, Anbima ou da B3, onde constam as condições completas da debênture. Ali você encontra detalhes como garantias (real, flutuante, quirografária, subordinada), covenants (compromissos de proteção aos debenturistas), prazo, forma de pagamento de juros, amortização e a destinação dos recursos captados pela empresa.
É nesse momento que você avalia se o risco de crédito do emissor e o desenho da operação estão compatíveis com a taxa oferecida. Em geral, investidores pessoas físicas tendem a priorizar empresas com boa classificação de risco (por exemplo, notas mais altas nas escalas das agências de rating) e estruturas de garantias mais robustas, especialmente quando se trata de prazos longos.
3. Mercado primário, secundário e fundos
Você pode entrar em uma debênture no momento da emissão, participando da oferta pública (mercado primário), ou comprar papéis que já circulam entre investidores no mercado secundário da B3. No primário, o foco está na análise da oferta e na distribuição inicial; no secundário, além do crédito, entram na conta liquidez e comportamento de preço, que são afetados por juros, inflação e percepção de risco.
Para quem prefere delegar a seleção dos títulos, os fundos de debêntures e fundos de crédito privado podem ser uma alternativa interessante, já que contam com gestão profissional, diversificação automática em vários emissores e setores, e normalmente exigem aportes mínimos mais baixos do que a compra direta de várias séries na B3. Nesses casos, o trabalho de escolher emissões, acompanhar balanços e decidir o momento de entrada e saída dos papéis fica concentrado na equipe de gestão, e o investidor acompanha tudo via cota do fundo.
4. Como usar o ANBIMA Data a seu favor
Além das informações da corretora, vale complementar a análise consultando bases isentas e gratuitas, como a plataforma ANBIMA Data, que reúne dados de mercado de capitais e fundos de investimento em um único ambiente.
Na área de debêntures, é possível pesquisar títulos por nome, emissor, código da B3, além do ISIN (International Securities Identification Number) de uma debênture, que é um código alfanumérico único de 12 caracteres que identifica aquela emissão específica de título de dívida, como um “CPF para o ativo”, e outros parâmetros, acessando características da emissão, informações de indexador, vencimento, série e dados de mercado secundário.
Um destaque relevante é o Boletim de Debêntures Incentivadas e de Infraestrutura dentro do ANBIMA Data, que concentra estatísticas sobre as debêntures com benefício fiscal usadas para financiar projetos de infraestrutura considerados prioritários. Esse boletim, atualizado mensalmente, permite acompanhar volume e número de emissões, prazos, indexadores, principais subscritores e a movimentação no mercado secundário, o que ajuda muito a entender como esse segmento de crédito vem se comportando ao longo do tempo.
5. Nova funcionalidade: segmentação por área de atuação
Uma funcionalidade recente do boletim foi justamente a inclusão de um nível extra de detalhamento sobre o campo de atuação das empresas emissoras de debêntures incentivadas. Em vez de mostrar apenas o setor amplo, como “energia elétrica”, o painel passou a permitir a visualização de subáreas específicas, como distribuidoras, transmissoras ou outros elos da cadeia, o que aumenta a granularidade das análises setoriais.
Essa segmentação por segmentos e subsegmentos, somada aos dados de emissões e negociações no mercado secundário, amplia o potencial de insights sobre a concentração de risco, o perfil dos projetos financiados e a evolução da liquidez ao longo da série histórica, que no boletim de debêntures incentivadas tem início em 2018 e pode ser filtrada por mês, trimestre, semestre, acumulado do ano ou ano fechado.
Para o investidor que quer entender melhor o contexto das debêntures de infraestrutura presentes na sua carteira ou em um fundo, essa combinação de filtros ajuda a enxergar tendências de longo prazo e comparar movimentos de diferentes períodos.
Veja também:
Tipos de debêntues: simples, incentivadas e conversíveis
Referências
ANBIMA. ANBIMA Data – Plataforma de dados de mercado de capitais e fundos de investimento. Disponível em: https://data.anbima.com.br. Acesso em: 6 dez. 2025.
ANBIMA. Boletim de Debêntures Incentivadas e de Infraestrutura – ANBIMA Data. Disponível em: https://data.anbima.com.br/publicacoes/boletim-de-debentures-incentivadas-e-de-infraestrutura. Acesso em: 6 dez. 2025.




