Séries de Debêntures: o que são e por que isso importa

Séries de Debêntures: o que são e por que isso importa

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Séries de debêntures: o que são
Dreamstime - Andrii Yalanskyi

Você provavelmente já se deparou com uma oferta pública de debêntures e ficou curioso com os detalhes: nome da empresa, rentabilidade, vencimento, garantias… Mas talvez tenha percebido algo que causa confusão em muitos investidores: dentro de uma mesma emissão, aparecem várias opções chamadas de “1ª série”, “2ª série”, “3ª série” e assim por diante. Afinal, o que são essas séries e por que isso é tão importante na hora de investir?

O que são as séries de debêntures?

Quando uma empresa decide captar recursos através da emissão de debêntures, ela pode optar por dividir essa captação em diferentes séries dentro da mesma oferta. Pense nas séries como “subdivisões” da emissão, cada uma com um conjunto próprio de condições. Isso significa que, embora todas façam parte da mesma operação, cada série possui suas próprias regras de remuneração, prazo, indexador e até garantias.

Por exemplo, uma mesma empresa pode lançar debêntures em três séries:

  • 1ª série: com vencimento em 5 anos, atrelada ao IPCA + 5% ao ano;
  • 2ª série: com vencimento em 8 anos, remunerada por CDI + 2,5% ao ano;
  • 3ª série: com prazo de 12 anos e remuneração prefixada de 11% ao ano.

Essas diferenças permitem que a empresa atraia perfis variados de investidores. Quem busca previsibilidade pode preferir o prefixado; quem quer proteger o poder de compra, tende a escolher o IPCA; e quem acredita em juros mais altos no futuro, pode optar pelo CDI.

Apesar dessas diferenças, todas as debêntures dentro de uma mesma série oferecem exatamente os mesmos direitos, valor nominal e condições de pagamento. Assim, quem compra uma debênture da 1ª série está em igualdade com qualquer outro investidor da mesma série — algo essencial para garantir transparência e segurança jurídica ao mercado.

Como identificar as séries

No home broker ou nas plataformas de investimento, você consegue identificar cada série a partir do código do ativo. Em geral, o código segue um padrão como “EMISSORA15”, “EMISSORA15B” ou “EMISSORA15C”, onde o número indica a emissão e a letra final diferencia a série (quando houver mais de uma). Além disso, todos os detalhes de remuneração, vencimento e garantias podem ser conferidos na lâmina de informações essenciais ou na escritura de emissão, documentos disponíveis no site da ANBIMA OU B3.

Por que o investidor deve se importar

Entender as diferenças entre as séries é fundamental para tomar uma decisão alinhada com o seu objetivo financeiro e seu perfil de risco. Uma série mais curta, por exemplo, costuma representar menor risco de crédito — afinal, a empresa terá menos tempo até pagar o investidor. Já uma série de prazo mais longo, muito comum em debêntures incentivadas, normalmente oferece uma rentabilidade maior, compensando o maior prazo e o risco adicional.

Outro ponto importante é o indexador de remuneração. Em tempos de inflação mais alta, as séries atreladas ao IPCA oferecem uma boa proteção do poder de compra. Já em momentos de estabilidade de preços e juros elevados, as prefixadas podem ser mais vantajosas. O segredo está em entender o cenário econômico e equilibrar sua carteira com base nisso.

Pense nas séries de debêntures como passagens de trem: todas levam o dinheiro do investidor até o mesmo destino (a empresa emissora), mas com trajetos e confortos diferentes. Algumas chegam mais rápido, outras são mais longas e oferecem uma viagem mais “rentável” — mas também com mais incertezas no caminho.

Como comparar e escolher

Antes de investir, vale sempre ler com atenção a lâmina da oferta ou consultar a escritura de emissão disponível na Anbima e na B3. Lá você encontra detalhes sobre garantias (se são quirografárias, com garantia real ou subordinadas), prazos, taxas, formas de amortização e cláusulas específicas de cada série.

Outra boa prática é analisar se há recompra programadacarência ou amortização antecipada previstas em alguma série. Esses fatores podem impactar significativamente o fluxo de recebimento dos juros e o retorno total do investimento.

Em resumo: entender as séries não é um detalhe técnico — é uma parte essencial da análise. Elas determinam prazos, rentabilidades e riscos, fatores que influenciam diretamente no desempenho da sua carteira. Quanto mais informações você tiver sobre cada série, mais segura e estratégica será sua decisão.

Continue sua jornada sobre debêntures

Este texto faz parte de uma série especial sobre o tema aqui em A Hora do Dinheiro. Se quiser continuar aprofundando seus conhecimentos, confira também os outros artigos:

Juntos, esses conteúdos formam uma trilha completa para entender de ponta a ponta como funcionam as debêntures — desde os conceitos básicos até as estratégias mais práticas para investir com segurança e inteligência no mercado de crédito privado brasileiro.

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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