Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?

Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda? Neste texto, explico como a dupla cidadania impacta suas obrigações fiscais

Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?

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Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?
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Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda?
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Resumo – Cidadania italiana: como fica a questão do imposto de renda? Neste texto, explico como a dupla cidadania impacta suas obrigações fiscais.

 

Com cerca de 30 milhões de ítalo-brasileiros, o Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de italianos fora da Itália. Esse movimento migratório começou no final do século XIX, principalmente devido à crise econômica que assolava a Itália e à busca por trabalho no Brasil, especialmente nas lavouras de café em estados como São Paulo e Paraná.

Hoje, muitos descendentes buscam a dupla cidadania italiana, tanto para resgatar a identidade cultural quanto para aproveitar benefícios práticos, como a possibilidade de trabalhar e estudar na Europa. 

No entanto, uma dúvida comum é: como a dupla cidadania impacta a declaração de imposto de renda? Neste artigo, explicamos o que você precisa saber para estar em dia com as obrigações fiscais nos dois países.

 

Residência fiscal: onde você deve pagar impostos?

 

Ter a cidadania italiana não significa necessariamente que você pagará impostos na Itália. O que define onde você deve declarar sua renda é a residência fiscal.

  • Residente fiscal no Brasil: Se você passar mais de 183 dias por ano no Brasil, continuará sendo considerado residente fiscal brasileiro. Isso significa que deve declarar todo o seu patrimônio e rendas, inclusive as que possua no exterior.
  • Residente fiscal na Itália: Se decidir morar na Itália por mais de 183 dias ao ano, passará a ser residente fiscal italiano. Nesse caso, suas rendas e bens, tanto dentro quanto fora da Itália, deverão ser informados à Receita italiana.

 

Evitando a bitributação: o acordo Brasil-Itália

 

Brasil e Itália têm um Acordo de Bitributação para evitar que você pague impostos duas vezes sobre a mesma renda. A renda tributada no Brasil pode ser abatida da declaração na Itália e vice-versa.

  • Exemplo prático: Se você recebe aluguel de um imóvel no Brasil e já pagou impostos aqui, pode informar isso na Itália para evitar uma dupla cobrança. O mesmo vale para dividendos, salários ou aposentadoria.

 

Patrimônio e renda no exterior: como declarar?

 

Mesmo que você resida no Brasil e tenha a dupla cidadania italiana, toda renda e patrimônio no exterior precisam ser declarados à Receita Federal brasileira. Isso inclui:

  • Contas bancárias na Itália;
  • Imóveis e investimentos mantidos em território italiano;
  • Recebimento de heranças ou doações de familiares na Itália.

Já na Itália, residentes fiscais devem declarar investimentos e bens mantidos fora do país e pagar impostos específicos sobre patrimônio no exterior, como o IVAFE, que incide sobre contas e ativos financeiros estrangeiros.

 

Herança e doações

 

A Itália aplica impostos sobre heranças e doações, mas com alíquotas mais baixas que no Brasil. Mesmo que você viva fora da Itália, é importante entender se o imposto pode incidir sobre bens herdados de alguém que vivia em território italiano.

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Renda de investimentos na Itália

 

Se você mantém investimentos ou imóveis na Itália, é fundamental saber como eles serão tratados fiscalmente:

  • No Brasil: Esses rendimentos precisam ser informados na declaração de imposto de renda brasileira e, dependendo do valor, podem ser tributados mensalmente via Carnê-Leão.
  • Na Itália: Se você morar na Itália, a Receita italiana exigirá que esses rendimentos sejam declarados, com a possibilidade de cobrança adicional de impostos.

 

Incentivos fiscais na Itália para expatriados

 

Se você pretende se mudar para a Itália, há benefícios fiscais para expatriados, como descontos em impostos sobre renda por um período limitado. Esses incentivos visam atrair profissionais qualificados e repovoar regiões menos desenvolvidas do país.

 

Impacto econômico da comunidade ítalo-brasileira

 

Com uma presença tão expressiva, os ítalo-brasileiros têm contribuído não apenas para a economia do Brasil, mas também para a manutenção de vínculos entre os dois países. Nos últimos anos, a demanda por cidadania italiana aumentou, gerando filas nos consulados e estimulando o mercado de serviços de cidadania, advocacia e planejamento fiscal. 

 

Planejamento é essencial

 

Obter a dupla cidadania italiana pode trazer oportunidades incríveis, mas também exige atenção às obrigações fiscais. Entender o conceito de residência fiscal e as regras de bitributação é essencial para evitar surpresas.

Se você planeja manter investimentos ou se mudar para a Itália, um planejamento tributário cuidadoso pode facilitar a transição e evitar a bitributação. Conte com um contador especializado em tributação internacional para garantir que você esteja em dia com as exigências dos dois países.

Com o conhecimento e o preparo certos, você poderá aproveitar ao máximo os benefícios da dupla cidadania sem complicações fiscais.

 

Fontes

 

Gov.br

Planalto.gov

 

JV 2

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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