Search
A hora do dinheiro logo

Sumário

Tamanho da fonte-+=
Tamanho da fonte-+=

O que é um consórcio e quando ele vale a pena?

Sumário

5 min para ler
Tamanho da fonte-+=
Getting your Trinity Audio player ready...
Imagem: belchonock - depositphotos
 

Resumo – Quando pessoas e empresas planejam realizar grandes compras ou investimentos, elas podem recorrer ao mercado de crédito, como os financiamentos. Mas o que é um consórcio? Seria um tipo de financiamento? Quando ele pode ser vantajoso?

 

O que é um consórcio?

 

Consórcio é um meio de autofinanciamento. Isto é, pessoas físicas e jurídicas podem se organizar para estabelecer uma poupança conjunta.

Esta poupança conjunta tem por objetivo viabilizar a aquisição de bens móveis (carros e motos, por exemplo), de bens imóveis ou até mesmo de serviços para cada um de seus participantes.

Sua organização se dá por meio de uma administradora, empresa autorizada pelo Banco Central para fazer a devida gestão dos recursos sob sua custódia.

 

Como surgiu essa modalidade?

 

Você sabia que o consórcio é um produto inventado no Brasil?

Na década de 1960, funcionários de um banco público nacional tiveram a iniciativa de organizar esta forma de autofinanciamento, devido à carência de recursos que poderiam ser destinados para crédito ao consumo.

 

Como funciona um consórcio?

 

Em um consórcio, os membros do grupo constituído pela administradora passam a pagar parcelas periódicas (geralmente mensais) com a finalidade de estabelecer o fundo comum (o capital para efetuar a compra dos bens ou serviços).

Antes da assinatura do contrato, determinam-se o prazo para o pagamento e o número de cotas (vagas disponíveis no grupo). 

Desta forma, divide-se o valor do item pela duração do consórcio, reajustando-o com base em índices de inflação (INCC, IPCA, entre outros).

Em seguida, a empresa responsável pela administração do capital do grupo realiza sorteios periódicos (na maioria das vezes, mensais). 

Os contemplados recebem o valor integral para a aquisição do produto. Este valor foi estabelecido previamente no contrato de participação, com o comprometimento de que ele seja utilizado para a compra do item em questão.

 

O que são os Lances?

 

Em meio aos pagamentos das parcelas e dos sorteios, os participantes também podem fazer lances, isto é, propostas de antecipação de parcelas com o objetivo de receber a quantia total antes do término do contrato.

Assim como em um leilão tradicional, o maior lance vence. Com o lance vencedor, conquista-se o direito à contemplação antecipada, isto é, o recebimento do valor para a compra do bem ou do serviço desejado.

É importante destacar que o valor proposto pelos participantes no lance só será pago se a sua oferta for a ganhadora do período.

Assim, o valor proposto no lance pode ser abatido do crédito a ser recebido (este último ainda precisará ser pago nas demais parcelas não antecipadas – também chamado de saldo devedor restante).

Este estilo de abatimento também recebe o nome de lance embutido. Mas também é possível encontrar modalidades onde se recebe o valor total contratado na carta de crédito. Exemplo de lance embutido que foi contemplado:

    • Vamos supor que você tenha dado um lance de R$ 15 mil para receber antecipadamente um valor de R$ 90 mil pelo consórcio (correspondente ao saldo devedor restante – aquilo que falta ser pago em suas parcelas). 
    • Caso seu lance seja o vencedor da rodada, você receberá em sua conta somente R$ 75 mil (R$ 90 mil – R$ 15 mil)
    • Os R$ 15 mil do lance, referentes à proposta de antecipação, vão abater parcelas correspondentes ao valor proposto.

 

Taxas

 

Diferentemente de um financiamento, o consórcio não cobra taxa de juros. Nesta modalidade de autofinanciamento, os custos que você vai pagar são os seguintes:

    • Taxa de administração
    • Contribuições para fundo de reserva (caso cotistas deixem de pagar suas parcelas)
    • Seguros (em caso de morte de cotistas, por exemplo)

Observação 1: A análise de crédito ainda será realizada pelas instituições antes da assinatura do contrato, para pesquisar o histórico de pagamento da pessoa.

Observação 2: Mesmo sem a cobrança de juros, é preciso ter atenção ao Custo Efetivo Total (CET) da Operação, que pode acabar sendo até mais alto que os juros de um financiamento.  

 

Inadimplência

 

Caso o participante atrase o pagamento das parcelas do consórcio, as seguintes penalidades podem ser aplicadas:

    • Juros e multas sobre pagamentos não efetuados,
    • Impossibilidade de fazer novos lances e de participar dos próximos sorteios,
    • Caso a pessoa tenha sido contemplada com o crédito, mas ainda não o utilizou, a administradora poderá cancelá-lo,
    • Caso a pessoa tenha sido contemplada com o crédito e já o utilizou, a administradora poderá executar as garantias,
    • Exclusão do grupo, após 2 meses em média.

Algumas alternativas para um participante com dificuldades para pagar as novas prestações:

    • Negociar com a administradora uma redução do crédito, para que o valor das parcelas volte a caber no bolso.
    • Transferência de contrato (venda de sua cota para outra pessoa)

Além disso, caso a exclusão do grupo realmente ocorra, o participante terá direito de receber de volta o valor pago ao fundo comum (descontados os montantes referentes às taxas de administração, ao fundo de reserva e a eventuais seguros contratados). 

É importante saber que, nesse último caso, a administradora vai transferir os valores apenas depois de contemplação por sorteio. 

 

Simulação

 

Primeiro cenário:

Imaginemos um caso de um consórcio automotivo, no valor de R$ 60.000,00, divididos em 72 meses (6 anos) e com um Custo Efetivo Total de 14,84% a.a.

O valor da primeira parcela será de R$ 814,00. A pessoa sortuda, após ter pago corretamente as 12 primeiras parcelas, é contemplada no 13º mês.

Fonte: a hora do dinheiro

(valores consideram reajustes periódicos de inflação, além de taxas de administração e seguros previstos em contrato)  

Ao todo, ela já havia pago R$ 10.415,96. 

Dessa forma, com os reajustes, o valor da carta de crédito que ela vai receber será de R$ 68.115,00.

Agora ela já está livre para realizar a aquisição, e não está mais exposta à inflação de reajuste das parcelas, nem às taxas de administração.  

Vejamos agora um segundo cenário, de uma pessoa não tão sortuda assim:

Mesmas condições do primeiro caso: consórcio automotivo, no valor de R$ 60.000,00, divididos em 72 meses (6 anos) e com um Custo Efetivo Total de 14,84% a.a.

O valor da primeira parcela será de R$ 814,00. Infelizmente, essa pessoa não foi contemplada em nenhum sorteio, e teve acesso ao crédito apenas depois do pagamento da última parcela.

Ao final dos 6 anos, ela desembolsou R$ 90.818,55 no total, mas não teve a chance de realizar a compra do veículo através deste consórcio até o último mês.

Fonte: a hora do dinheiro

(valores consideram reajustes periódicos de inflação, além de taxas de administração e seguros previstos em contrato)

Tendo isso em mente, podemos chegar a algumas conclusões a respeito das vantagens e desvantagens desta modalidade de autofinanciamento:

 

Vantagens de se optar por um consórcio

 

    • Não é exigida entrada para participar do consórcio
    • Não são exigidas garantias (até o momento da contemplação – caso ainda restem parcelas a serem pagas)
    • Baixo risco de perdas aos cotistas

 

Desvantagens de se optar por um consórcio

 

    • É necessário contar com a sorte para ganhar o sorteio no início.
    • É mais indicado para o médio prazo, para quem não tem necessidades urgentes.
    • Caso a pessoa queira sair do consórcio antes de ser contemplada, ela pode ter que ficar com o dinheiro das parcelas pagas “preso”. Isso ocorre se não conseguir vender sua participação a outra pessoa. Assim, apenas no final do programa ela teria acesso a este capital, ou após sorteio, tendo pago taxas de administração e outros custos e sem a liberação da carta de crédito.

Por este motivo, o consórcio não é uma opção interessante para aqueles que, eventualmente, são sorteados no final do programa.

Se os mesmos valores pagos nas parcelas do consórcio fossem investidos / poupados em outros produtos conservadores (poupança, tesouro, CDB, Fundo D.I.), haveria uma substancial economia de custos com taxas de administração e seguros, além de ser permitido o acesso a esse dinheiro a qualquer momento (a depender da liquidez do produto).  

 

Veja também:

Por que o crédito é o motor de crescimento do país?

Financiamento: Diferença entre Tabela Price e Sistema SAC

921 Visualizações
0Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *