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Geoffrey Holt: o milionário secreto que vivia com simplicidade em um trailer

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Geoffrey Holt - Ed Smith / AP

Resumo  Geoffrey Holt: o milionário secreto que vivia com simplicidade em uma casa móvel. Morador de cidade pequena nos EUA doou milhões após morte e surpreendeu vizinhos.

 

Uma herança que ninguém esperava

 

Você já pensou em como alguém pode passar a vida inteira com aparência humilde e, mesmo assim, esconder uma fortuna de milhões? Foi isso que aconteceu com Geoffrey Holt, um homem que vivia numa casa móvel em Hinsdale, uma cidade pequena no estado de New Hampshire, nos Estados Unidos.

Depois que ele faleceu, aos 82 anos, a comunidade foi surpreendida com uma notícia: Geoffrey havia deixado uma herança de nada menos que US$ 3,8 milhões (mais de R$ 20 milhões) para a própria cidade. Um gesto de generosidade tão impactante que virou notícia no país todo.

 

Quem era Geoffrey Holt?

 

Geoffrey levava uma vida extremamente simples. Andava de bicicleta, vestia roupas velhas, usava um celular básico e vivia em um trailer antigo. Trabalhou como zelador, professor substituto e também como gerente de produção em um moinho de grãos, em Brattleboro, no estado vizinho de Vermont — cidade onde também viveu outro famoso milionário frugal: Ronald Read. No entanto, Holt recusou uma promoção que exigiria mudança de cidade (ele preferia a paz da rotina conhecida).

Além disso, Holt tinha outros lados que pouca gente conhecia. Tinha dislexia, o que o fez sentir, por muito tempo, que estava aquém das expectativas do pai, um professor universitário. Apesar disso, era muito inteligente e apaixonado por aprender: colecionava livros de história (adorava Henry Ford e a Segunda Guerra Mundial), centenas de carrinhos e trens em miniatura, discos de música clássica (como Handel e Mozart), e lia sobre investimentos perto de um riacho tranquilo.

 

Estilo de vida

 

Seu estilo de vida foi moldado por uma infância frugal e disciplinada. Os pais, ativistas pela paz e simpatizantes do movimento quaker, tinham horta em casa, baixavam o termostato no inverno e vestiam os filhos com roupas doadas. Ele estudou em internatos, se formou em Marlboro College e chegou a fazer mestrado no mesmo lugar onde seu pai dava aula. Também serviu na Marinha dos EUA.

Geoffrey foi casado por um curto período e, mais tarde, dividiu a vida com uma companheira no parque de trailers onde morava. Ela faleceu em 2017. Nunca teve filhos. Após sofrer um AVC nos últimos anos, ainda assim tentava manter sua independência e, segundo amigos, sentia falta até de cortar a grama (que via como uma forma de relaxar e servir aos vizinhos do parque).

Ninguém desconfiava que, por trás daquele estilo de vida modesto, existia um investidor silencioso. Geoffrey aplicava com consistência e paciência (e é aí que essa história cruza com o que a gente sempre fala aqui na Hora do Dinheiro).

 

O poder do tempo e da constância

 

Geoffrey Holt não ganhou na loteria, nem herdou fortuna. Ele construiu esse patrimônio com o tempo. Segundo relatos, investia com foco em longo prazo e era disciplinado. Preferia reinvestir os ganhos em vez de aumentar seu padrão de vida.

Não se sabe exatamente onde ele investia (se em ações, fundos ou títulos) mas o que sabemos é que ele estudava finanças com dedicação. Lia publicações especializadas em silêncio, sentado perto de um riacho, e conversava pouco sobre dinheiro, mesmo com os mais próximos. Um amigo revelou que Holt chegou a confidenciar que seus investimentos estavam indo melhor do que esperava. E por isso, perguntou o que deveria fazer com tanto dinheiro. Foi esse amigo que sugeriu: “lembre-se da cidade”.

Essa postura nos ensina uma lição muito importante: não é só quanto você ganha, mas o que você faz com o que ganha. O tempo e os juros compostos são aliados para quem consegue ser paciente (mesmo sem ostentar ou parecer “rico”).

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A força de administrar muito bem a linha das despesas

 

Holt tinha um traço em comum com quase todos os casos de independência financeira real: um controle rigoroso das despesas. Isso não quer dizer que ele vivia contando centavos por obsessão, mas que sabia exatamente quanto precisava para viver bem. Esse domínio da linha de gastos é o que deu espaço para os investimentos crescerem. Gastar pouco de forma consciente foi o combustível que alimentou sua liberdade.

Mesmo que você não queira viver como Geoffrey (e tudo bem!), ainda dá pra se inspirar no que ele construiu: uma vida com menos excessos e mais liberdade para escolher o que fazer com o seu dinheiro. Você não precisa virar um ermitão ou abrir mão de tudo. Mas sim, pode dar o primeiro passo para ter mais controle, mais clareza e, quem sabe, deixar um legado que realmente importe.

 

Para onde foi o dinheiro?

 

Holt deixou todo o valor acumulado para o município de Hinsdale. E pediu que o dinheiro fosse usado para beneficiar a cidade: apoiar educação, saúde, cultura e desenvolvimento comunitário. Uma prova de que ele acreditava no coletivo (mesmo sem ter feito alarde em vida).

Hoje, escolas, bibliotecas e projetos sociais da cidade estão sendo reformulados com esse presente inesperado.

 

Frugalidade não é regra, mas o hábito de investir vale ouro

 

Importante dizer: essa não é necessariamente uma defesa incondicional da frugalidade. Viver de forma simples, como Geoffrey viveu, não precisa ser o caminho de todo mundo. 

Mas a história dele mostra que, sim, há recompensas reais para quem economiza com consciência e investe com consistência ao longo do tempo. Não se trata de abrir mão de tudo, mas de fazer escolhas intencionais.

 

E o que essa história tem a ver com a gente?

 

Tudo.

Porque nos ensina que independência financeira não precisa ter cara de luxo. Que é possível viver com propósito, cultivar a liberdade (e ainda assim transformar o mundo ao nosso redor).

Geoffrey Holt não era um guru financeiro. Mas ele entendeu cedo algo que muitos só descobrem tarde demais: a riqueza mais poderosa é aquela que te permite escolher como viver (e como contribuir com o que acredita).

 

Fonte

 

CBS News

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais com ampla experiência no mundo corporativo, liderando unidades de negócios, equipes e transformado estratégia em prática por todas as empresas em que trabalhou. Liderou grandes negociações com instituições financeiras de grande porte, com impacto de bilhões de reais em faturamento e receita.

Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA – USP, professor de MBA do IBMEC, colunista da Investing.com, entre outras atividades.

Empreendeu em várias empresas como investidor, em paralelo com a vida executiva, e aprendeu com sucessos e fracassos nesse segmento.

Entendeu e aplicou a importância de ter equilíbrio financeiro ao longo de mais de 30 anos de investimentos em vários setores, com amplo sucesso. Fez 1 milhão de reais de patrimônio antes dos 30 anos de idade, e hoje divide esses aprendizados.

Para isso, criou e lidera a iniciativa A hora do dinheiro, com uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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