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Resumo – em tempos de inflação alta – e a taxa de juros é elevada para tentar frear esse movimento, geralmente observamos queda no valor das ações de empresas e maior atratividade para investimentos em renda fixa. Mas será que isso é uma constante e funciona em 100% dos casos? Veja aqui com mais detalhes.
Estamos em junho de 2022 e a taxa Selic acaba de subir para 13,25 a.a. – chegando ao maior patamar em 6 anos.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central, com essa decisão, reforça o combate à inflação que, neste momento, está com uma expectativa projetada (definida pelas maiores instituições do mercado) de atingir 7,89 % no ano de 2022. E, no acumulado até abril, ou seja, entre maio de 2021 e abril de 2022 está na casa dos 12% a.a.
Essa situação leva o investidor a pensar onde deveria aplicar seus recursos, ou que tipo de investimento conseguiria garantir ganho real (acima da inflação) numa situação de inflação tão alta.
Vamos refletir sobre esses pontos.
O impacto dos juros no valor das ações das empresas
Em tempos de inflação alta, existe uma tendência de que os investidores se afastem da participação em empresas através do investimento em ações.
A explicação para isso se dá pelo fato de que as taxas de juros altas – usadas para conter a inflação – prejudicam a rentabilidade das empresas, já que estas terão que pagar mais juros aos credores, reduzindo seus ganhos.
No caso de um possível repasse do custo dos juros no preço final do produto, a situação piora ainda mais, porque isso ajuda a aumentar a inflação e reduz a atratividade do produto.
Como consequência, um produto mais caro faz o cliente pensar duas vezes antes de comprar.Isso cria um ciclo de inflação que se retroalimenta. Para fins de praticidade, estamos simplificando um pouco o processo.
Outro ponto a ser considerado para o investimento em ações de empresas nessas condições é que fica mais difícil pagar os empréstimos e, portanto, aumenta o risco de inadimplência (empresas inadimplentes não são boas para seu investimento).
Onde colocar o seu dinheiro?
Então, qual seria uma boa opção de investimentos para tempos de inflação alta?
Qual seria o investimento que representaria uma proteção nesse momento?
Lembre-se: inflação nunca é algo bom. O ambiente geral fica recessivo.
Como diria o Galvão Bueno: “vai se formando uma clima terrível”
Sendo bem direto: a renda fixa pode, sim, ser um bom refúgio para esses momentos ruins na economia. Principalmente aqueles títulos que remuneram com uma taxa de juros e com o adicional da inflação do período (IPCA +).
Existem títulos do Tesouro Direto com essas alternativas e também há ofertas com essa configuração no mercado de títulos corporativos.
Devemos, porém, observar quatro pontos importantes:
Primeiro ponto
Quando o investidor está na renda fixa, ele está emprestando recursos para alguém. É sempre assim. A renda (ou os juros) são a remuneração desse empréstimo. O seu dinheiro está sendo colocado numa operação de crédito, para uma terceira pessoa ou instituição.
Nos títulos públicos, você está emprestando dinheiro ao governo (que não possui recursos suficientes para cobrir todas as suas obrigações).
Num CDB de banco, você está emprestando dinheiro ao próprio banco que – por sua vez – o empresta para outros clientes, sendo remunerado pela taxa de juros. Parte dessa taxa é a sua remuneração do CDB.
Segundo ponto
Temos que lembrar que qualquer investimento tem riscos a ele atrelados. Mesmo os títulos públicos têm risco. Embora todo o mercado concorde que o risco do governo central é sempre o menor. Vamos falar isso em outro texto sobre os governos.
E, nos tempos de inflação alta, também temos riscos maiores.
Nesse sentido, outra ferramenta que existe para reduzir riscos de quebra para alguns títulos é o FGC.
Terceiro ponto
Outro risco que existe é o de que a rentabilidade desses títulos seja menor que de outros investimentos.
No caso de você ter um título atrelado à inflação, com período de vencimento de 3 anos, por exemplo e, ao longo do tempo, a inflação cai.
Isso pode favorecer o aparecimento de outros investimentos com rentabilidade maior.
Vamos imaginar que hoje você invista em um título que esteja pagando a inflação (IPCA) + 4% a.a, com vencimento em 3 anos.
Se a inflação no primeiro ano for de 5%, somamos os 4% do contrato, que resultam em 9% a.a.
No segundo ano, a inflação cai para 2%. Deste modo, a sua rentabilidade vai ser de 6% – e pode ser que existam títulos com rentabilidade pré-fixada de 8% naquele momento.
Ano 1 | Ano 2 | |
Inflação do período | 5% a.a. | 2% a.a. |
Rentabilidade total | 9% a.a. | 6% a.a. |
Perceba que investir nunca pode ser um ato passivo de tomar uma decisão e não acompanhar mais.
Quarto ponto
Outro aspecto a ser observado é que a inflação apresenta um ponto em que o crescimento do seu índice cessa e começa um movimento de queda ou desaceleração (claro, se os agentes e o governo forem inteligentes e combaterem a inflação de maneira correta).
No momento da redução da inflação, as ações das empresas – em movimento oposto àquele da época de inflação alta – começam a se recuperar, e pode ser que você esteja com seu dinheiro parado num título, e perca essa recuperação.
Conclusão
A renda fixa é muito bom, sim, mas a sua avaliação do que está acontecendo é sempre importante.
Dessa forma, caso você ache que não tem aptidão ou paciência para acompanhar os movimentos de mercado, busque profissionais qualificados para te ajudar.
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