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E quando a ação não atinge o preço-alvo?

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Imagem: Sergii Gnatiuk – shutterstock

 

Resumo – Quem já está há algum tempo na estrada dos investimentos, certamente, já se deparou com recomendações feitas por casas de análise para investir em determinada ação. O preço-alvo traçado pela equipe de analistas é de encher os olhos, e a expectativa de valorização de 20%, 30% (ou muito mais) em um curto espaço de tempo, muitas vezes, torna-se uma certeza. No entanto, essa sensação de ganho certo pode não acabar em um final tão feliz assim. Pensando nisso, colocamos aqui algumas considerações sobre este fenômeno e formas de se proteger de promessas miraculosas.

 

Marketing apelativo?

Até meados de 2013, o mercado de análises e recomendações era pouco conhecido, até mesmo entre a pequena parcela da população que já possuía algum dinheiro investido em bolsa.

Naquele momento, um escritório começava a fazer um certo barulho na internet com previsões apocalípticas, na esteira das eleições de 2014 e da crise política de 2015-16.

Era boa e velha conhecida apelação para o medo. Uma emoção tão primitiva, ainda presente em todos nós, e usada nas mais variadas estratégias de marketing de empresas e partidos políticos.

Certo tempo depois, a partir de 2018, com a queda da taxa de juros no país e a consequente valorização nos preços das ações, começaram a surgir novos escritórios no mercado nacional de análises e recomendações, que ainda engatinhava em faturamento e número de clientes.

Diferentemente do que se observou no primeiro caso, o curto período de bonança era terreno fértil para, agora, explorar o sentimento de ganância do ser humano. Afinal, quem não estivesse comprando ações e criptomoedas estava sendo ingênuo e, certamente, deixando de ganhar muito dinheiro.

 

As análises também seguem a manada?

Desde então, passaram-se 4 anos (ainda que tenha parecido uma década, no mínimo). 

Enfrentamos pandemia, desorganização nas cadeias logísticas globais, guerras entre potências nucleares, escassez de matérias-primas, inflação, eleições acirradas em diversos países, etc. 

Todavia, algo permanece inalterado no mundo: o modo como ocorrem as emoções humanas. 

Talvez este seja um tema de grande importância no século, na medida em que podem ser debatidos os limites éticos da exploração de nossas vulnerabilidades emocionais em nome do marketing e do aumento nas vendas – além de outros usos questionáveis para fora da esfera comercial.

Batemos bastante nesta tecla do fator emocional para dizer que, em um mercado onde a grande maioria dos analistas enxerga o cenário econômico de uma determinada forma, apresentar uma visão diferente do consenso pode ser enxergado pelos pares como algo desrespeitoso e arriscado.

Imagine a seguinte situação: se um analista segue o fluxo e faz o seu trabalho como a grande maioria de seus colegas, em caso de erros de projeções, todos erraram. No entanto, se apenas um resolve apostar em uma tese diferente da maioria, a sua não realização pode custar seu emprego e sua reputação. Poucos são aqueles que conseguem prever crises ou empresas que se multiplicam por 1000 vezes seu valor. Muitas vezes, é pura sorte (basta estar vivo no jogo)

 

Sobre previsões e expectativas de crescimento

Mas o que queremos falar aqui, hoje, é a respeito das previsões feitas por analistas destas casas de análise.  

Sabemos que, assim como todas as classes profissionais, a maioria da categoria atua de maneira ética e de acordo com a lei.

No entanto, pela própria natureza do mercado, com uma dinâmica concorrencial feroz na disputa por novos clientes, muitas empresas do ramo sentem-se forçadas a testar os limites do que é honesto, ao fazerem chamadas e impulsionamentos de anúncios com interpretações ambíguas, eximindo-se de quaisquer responsabilidades e possíveis danos causados ao patrimônio de pessoas inexperientes – tanto do ponto de vista técnico quanto emocional.

Afinal, que atire a primeira pedra quem nunca viu um anúncio com promessas de rentabilidade de 500%!!!

É sobre estes casos que queremos falar com você, para que não coloque todas as suas fichas em uma recomendação sem profundidade de análise!

 

Como são feitas estas projeções?

Já tivemos a chance de abordar este tema em outra oportunidade

Lá, nos aprofundamos em aspectos mais técnicos (mas totalmente compreensíveis para pessoas iniciantes) para dizer que os preços-alvos estabelecidos pelas equipes de research são feitos com base em algumas premissas básicas. São elas:

  1. Expectativa da taxa de juros da economia;
  2. Expectativa de crescimento de lucro, endividamento e faturamento da companhia;
  3. Projeções a respeito da inflação dos preços no período;

Entre muitas outras variáveis.

 

Muita atenção nesse ambiente

O ponto, aqui, é demonstrar que estas estimativas estão muito vulneráveis a qualquer alteração mais significativa do cenário econômico (nacional e internacional) – além dos naturais boatos e ruídos de informação -, o que seguramente impactaria nos preços dos ativos.

O que observamos é que muitas pessoas dão grande atenção ao preço-alvo de um ativo no cenário mais otimista, e assumem essa possibilidade como uma realidade factível, sem pensar na baixa probabilidade de sua ocorrência.

Este comportamento, assim, incentiva os inexperientes a depositarem parcelas significativas de seu patrimônio em um papeis pouco estudados por eles, com a certeza de ganho garantido.

Com desequilíbrio na alocação de recursos em suas carteiras de investimento, podem ocorrem perdas expressivas de dinheiro nos casos de não concretização do cenário mais otimista.

 

O que fazer nestes casos?

Se você se identifica com essa história, as sugestões de especialistas na área são as seguintes:

a) Se você não se interessa mais pela empresa e não deseja estudar o seu modelo de negócios, é melhor se desfazer de suas ações (mesmo com prejuízo). Afinal, não sabemos se o preço continuará a cair ainda mais.

b) Se você entendeu que é preciso dedicação e estudo para se dar bem no mercado financeiro, comece a entender como funciona a operação da empresa, para decidir se vale a pena mantê-la na sua carteira ou não.

c) Além disso, tenha sempre em mente que investir é um plano de longo prazo. Portanto, não coloque um capital que fará falta para você em um futuro próximo.

Observação: Estas linhas acima não são recomendações de investimento.

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