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Como as pessoas investiam antigamente?

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Resumo – Como era investir antigamente? Veja as principais possibilidades de investimento nos séculos passados e suas principais características.

 

Há poucos séculos atrás, as formas de investimento eram significativamente diferentes das práticas de investimento a que temos acesso hoje. 

O sistema financeiro moderno, com bolsas de valores e uma ampla variedade de instrumentos e produtos financeiros, ainda não existia na forma que conhecemos hoje. 

 

Como era investir na idade média?

 

As opções de investimento na Europa da Idade Média eram limitadas e geralmente estavam ligadas à negociação de terras com a aristocracia, a nobreza, a Igreja e a burguesia.

A maioria das pessoas comuns tinha poucas opções para investir suas economias, já que a mobilidade social era restrita em muitas sociedades medievais. Assim, o ouro e a prata eram usados como forma de dinheiro e também como reserva de valor

Mas apenas algumas pessoas conseguiam acumular estes metais preciosos, como comerciantes, artistas, artesãos e mercenários, e não havia muitas opções de aplicar estes recursos em investimentos.

As demais pessoas, servas dos nobres donos de terras, trabalhavam, em grande medida, nas atividades agrícolas em troca de uma árdua sobrevivência e de um lugar para viver.

Além disso, as práticas de investimento não eram tão formalizadas quanto as que vemos nos mercados financeiros modernos, e o risco de perda de investimentos devido a eventos como guerras, doenças e desastres naturais era significativo.

 

Já existia um mercado imobiliário na Idade Média?

 

O investimento em imóveis na Idade Média era uma prática comum, especialmente entre a aristocracia e a nobreza. 

No entanto, o conceito de investimento em imóveis naquela época era diferente do que entendemos hoje, uma vez que as transações de propriedades eram frequentemente acompanhadas de obrigações feudais e laços de suserania, e a ideia de um mercado imobiliário desenvolvido ainda não existia.

Aqui estão algumas características do investimento em imóveis na Idade Média:

 

Feudalismo: O sistema feudal dominante na Idade Média afetou profundamente a propriedade e o investimento em terras. A propriedade de terras estava ligada a obrigações feudais, onde os senhores feudais concediam terras a vassalos em troca de serviços militares ou outras obrigações. Isso tornava a propriedade de terras um elemento crucial do poder e do sistema social.

Castelos e Propriedades Rurais: Muitos nobres investiram em castelos, mansões e propriedades rurais. Essas propriedades serviam como centros de poder e defesa, bem como para a geração de renda, através da produção agrícola e da cobrança de tributos dos camponeses que trabalhavam nas terras.

Mosteiros e Igrejas: Instituições religiosas, como mosteiros e igrejas, eram grandes proprietárias de terras. Eles investiram em propriedades para apoiar seus membros e suas atividades religiosas.

Comércio de Terras: A compra, venda e troca de terras ocorriam, mas geralmente não de maneira livre ou regulamentada. As transações de terras frequentemente envolviam a negociação de direitos feudais e deveres associados à terra.

Investimento Agrícola: Muitos investidores em terras estavam interessados na agricultura, e as terras eram uma fonte importante de recursos e renda. A produção agrícola era vital para o sustento das comunidades medievais.

Herança e Sucessão: A sucessão de terras na Idade Média desempenhava um papel crucial, com a propriedade frequentemente passando de pai para filho ou sendo distribuída entre herdeiros de acordo com as leis de sucessão.

 

É importante destacar que o conceito moderno de investimento imobiliário, onde as propriedades são adquiridas com a intenção de gerar renda ou valorização de capital, é um desenvolvimento mais recente na história econômica. 

Na Idade Média, a posse de terras estava muitas vezes ligada ao poder, ao status social e às obrigações feudais, e o investimento em imóveis tinha finalidades mais variadas do que simplesmente o retorno financeiro.

 

E o investimento em educação na idade média?

 

E a educação? Ela não é um investimento na formação técnica e humana? 

Na Idade Média, o investimento em educação era bastante limitado em comparação com as normas educacionais modernas. A educação na Idade Média estava fortemente ligada à Igreja e à religião, e o acesso à educação era geralmente restrito a certos grupos da sociedade. 

Aqui estão algumas características da educação na Idade Média:

 

Educação Religiosa: A educação durante a Idade Média era predominantemente religiosa. A Igreja Católica desempenhou um papel central no sistema educacional, e as escolas monásticas e catedrais eram os principais centros de aprendizado. A maioria das escolas ensinava latim, teologia e filosofia, e a educação estava voltada para a formação de sacerdotes e clérigos.

Restrição ao Acesso: O acesso à educação era fortemente restrito e geralmente limitado aos filhos da nobreza e da alta hierarquia da Igreja. A maioria das pessoas comuns, como camponeses, não tinha acesso à educação formal. Havia pouca ênfase na pesquisa, experimentação ou discussão crítica.

Manuscritos e Livros: Os livros eram raros e caros na Idade Média, e a educação baseava-se em manuscritos, muitos dos quais eram copiados à mão pelos monges. O acesso ao conhecimento era limitado devido à escassez de materiais escritos.

Educação em Casa: Para a maioria das pessoas comuns, a educação ocorria em casa, com os pais ensinando habilidades práticas, como agricultura, artesanato e tarefas domésticas, aos seus filhos.

Universidades Medievais: No final da Idade Média, surgiram as primeiras universidades na Europa, como a Universidade de Bolonha (fundada em 1088) e a Universidade de Paris (fundada em 1150). Essas universidades ofereciam um ensino mais avançado em áreas como direito, medicina e filosofia.

 

Em resumo, o investimento em educação na Idade Média era limitado, com um foco predominante na educação religiosa e restrito às classes privilegiadas. Foi apenas na transição para a Renascença e a Era Moderna que houve uma expansão significativa da educação e do acesso ao conhecimento, marcando o início de uma mudança nas práticas educacionais.

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Investindo em expedições marítimas

 

Antes do período das Grandes Navegações, que ocorreram a partir do final do século XV, as possibilidades de investimento eram bastante escassas. 

Este processo de expansão global do comércio abriu novas oportunidades de investimento e alterou significativamente o panorama econômico e financeiro mundial.

A seguir, mostraremos algumas das principais formas de investimento criadas a partir do início do período das grandes navegações:

 

Séculos XV e XVI 

 

Comércio e navegação

Muitos investidores na época financiavam expedições comerciais e navios em troca de uma parcela dos lucros. Esses investidores eram conhecidos como “mercadores” e estavam envolvidos na exploração de novas rotas comerciais.

Nesta época, eles já precisavam estar familiarizados com o conceito de diversificação.

Como a taxa de sucesso das expedições era muito baixa (com naufrágios e roubos de mercadorias por piratas), quem colocava todas as suas economias em uma única expedição tinha uma chance muito grande de perder tudo.

 

Século XVII 

 

Ações da Companhia das Índias Orientais

A Companhia das Índias Orientais, fundada na Inglaterra em 1602, é frequentemente considerada uma das primeiras empresas de capital aberto do mundo. 

Investidores compravam ações da companhia em troca de uma parcela dos lucros, e essas ações eram negociadas em uma bolsa informal.

 

Século XVIII 

 

Títulos e dívidas soberanas (emitidas por países)

Durante o século 18, muitos países começaram a emitir títulos da dívida para financiar suas atividades, como guerras. 

Os investidores compravam esses títulos e recebiam juros em troca.

Existe um caso famoso em que o economista David Ricardo fez fortuna com a compra e venda de títulos públicos ingleses durante as Guerras Napoleônicas, aproveitando-se da baixa velocidade em que as informações oficiais eram transmitidas. (Se você se interessou em saber mais sobre esta história, escreva nos comentários ali embaixo que vamos preparar um novo a respeito texto para você).

 

Século XIX

 

Ferrovias e infraestrutura

Com o avanço da Revolução Industrial, as ferrovias se tornaram um importante setor de investimento. Investidores compravam ações de empresas ferroviárias para participar dos lucros gerados pelo transporte ferroviário.

Terras, produtos agrícolas e imóveis

A aquisição de terras e imóveis também era uma forma comum de investimento. À medida que as cidades cresciam e a agricultura se expandia, a valorização das terras fazia com que esta fosse uma oportunidade de investimento vantajosa.

Empresas de mineração

Com a descoberta de recursos naturais em novas localidades, como ouro e prata, investidores financiavam empresas de mineração e esperavam lucrar com a extração e venda desses minerais.

 

Esses investimentos eram arriscados?

 

É importante notar que a disponibilidade e a acessibilidade dessas formas de investimento variavam de acordo com a região e a classe social. 

A maioria das pessoas comuns não tinha acesso a oportunidades de investimento significativas, e as práticas de investimento eram frequentemente reservadas para a elite financeira e empresarial. 

Além disso, a regulamentação e a transparência no mercado financeiro eram limitadas, o que podia levar a fraudes e especulações desenfreadas.

Vejamos a seguir dois casos emblemáticos que ilustram a ganância do ser humano e a necessidade de algum tipo de regulamentação.

 

A bolha das tulipas

 

A “Tulipomania” foi um episódio famoso de especulação de preços e bolha econômica que ocorreu na Holanda no século XVII, especificamente entre 1634 e 1637. 

Durante esse período, os preços das tulipas dispararam para níveis absurdamente altos, e as pessoas estavam dispostas a pagar fortunas por uma única tulipa. Fatores como escassez percebida e especulação financeira alimentaram essa bolha.

As tulipas haviam se tornado uma espécie de mercadoria valiosa e status social, com alguns tipos raros de tulipas atingindo preços astronômicos. No entanto, a bolha estourou em 1637, quando os preços caíram rapidamente, levando à ruína financeira de muitos investidores.

A Tulipomania é frequentemente citada como um exemplo clássico de especulação irracional nos mercados financeiros e de como os preços dos ativos podem se desconectar drasticamente de seu valor intrínseco. 

Ela serve como um lembrete histórico dos perigos da especulação excessiva e da importância de uma avaliação sensata dos ativos em qualquer mercado financeiro.

 

O desenvolvimento da auditoria na inglaterra

 

Outro exemplo que considero interessante foi o desenvolvimento da auditoria na Inglaterra do século XIX

O desenvolvimento da auditoria no Reino Unido ocorreu devido à necessidade de garantir a confiabilidade e a prestação de contas das empresas, especialmente em um período de crescimento industrial e expansão das atividades comerciais, mas com a ocorrência de fraudes e escândalos financeiros em grande escala.

A Auditoria na Inglaterra se originou em grande parte com a expansão das empresas e a necessidade de investidores e proprietários garantirem que seus recursos financeiros fossem devidamente gerenciados e que as informações financeiras fossem precisas. 

No século XX, a auditoria na Inglaterra continuou a evoluir e se tornou uma parte fundamental da governança corporativa e da regulamentação das empresas. A auditoria independente se tornou uma prática comum para avaliar e certificar a precisão das demonstrações financeiras das empresas e garantir a confiança dos investidores e partes interessadas no mercado de capitais.

 

Fonte

 

Fausto, Boris. História do Brasil

Brasil Escola

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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