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A globalização acabou? Como isso pode impactar sua vida?

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Resumo – você reparou que estamos ouvindo cada vez menos a palavra globalização nos noticiários? Será que ela acabou? Saiba mais neste texto.

 

Cidadãos de uma aldeia global. Era assim que muitos de nós nos víamos ao longo das últimas quatro décadas. 

Os quarenta anos mais recentes da história da humanidade possibilitaram – ainda mais – o encurtamento de distâncias (algo inimaginável até pouco tempo antes), com o avanço da tecnologia dos meios de transporte.

Viagens internacionais estavam ao alcance de uma maior parcela da população mundial. O turismo a países antes desconhecidos era agora algo possível.

Para termos uma ideia, em 1951, uma passagem aérea do Rio de Janeiro ao Recife custava algo em torno de seis salários mínimos da época. Hoje, em 2023, o preço dessa passagem seria mais ou menos R$ 7.920,00.

Como você pode notar, os preços das passagens aéreas, ainda que não sejam os mais baratos hoje, já foram muito mais salgados no passado. Por isso, apenas pessoas muito ricas podiam se dar ao luxo de viajar de avião, pois era um evento realmente para poucos.

 

Período de integração mundial

 

Muito além disso, com menos barreiras ao comércio de bens, produtos, serviços e dinheiro entre países, os custos de produção caíram enormemente em todo o planeta, o que contribuiu para um ciclo de crescimento econômico. A concorrência entre novos fornecedores reduzia o custo dos produtos.

Depois que a China entrou na OMC (Organização Mundial do Comércio) em 2001, a redução das tarifas aumentou a produtividade das suas indústrias, o que permitiu uma queda de 7,6% nos preços de produção entre os anos 2000 e 2006. Essas medidas certamente impactaram positivamente nos índices de inflação dos Estados Unidos, o que beneficiava a população. 

Este período permitiu que centenas de milhões de pessoas saíssem da condição de pobreza, podendo participar ativamente da economia global, que oferecia mais oportunidades de trabalho.

Fontes: Banco Mundial / Ravallion (2016) Critérios: Pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia

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O que tem feito a globalização perder força?

 

Apesar de termos tido inúmeros benefícios com a consolidação dessa forma de organização do trabalho entre os países, também tivemos setores da economia e grupos de pessoas que saíram perdendo com essas mudanças. As mudanças globais são sempre desordenadas. Não existem órgãos que planejam o que acontece no mundo – não que achemos isso bom, necessariamente.

Muitos trabalhadores viram seu poder de compra diminuir e, como consequência, tiveram uma queda da qualidade de vida pelo fato de seu trabalho encontrar concorrência com o de trabalhadores que recebiam menos pela mesma tarefa, só que do outro lado do mundo.

Essa conjuntura de fatores, mais tarde, possibilitou que políticos fossem cobrados, internamente, a encontrar soluções locais para esses problemas globais.

Insatisfações internas de partes da população que não aceitava esse movimento e, em muitos momentos, um entendimento de que as migrações de populações vinda de países pobres era parte do problema, aceleram a adoção da volta de medidas de proteção.

 

As barreiras reaparecem

 

Por conta disso, nos últimos anos, temos visto movimentos contrários a essa onda de globalização.

Como exemplos, podemos citar o Brexit (a saída da Grã-Bretanha da União Europeia), a guerra comercial entre Estados Unidos e China, passando pela pandemia da Covid-19 e, por fim, pelas sanções da Guerra da Ucrânia.

Todos estes episódios acabaram contribuindo para que mais tarifas alfandegárias, isto é, mais taxas sobre produtos e serviços estrangeiros fossem cobradas ao longo das etapas do processo de produção.

Além disso, temos visto um fenômeno de retorno das companhias a seus países de origem. 

Do ponto de vista estratégico, muitos países não querem mais que a produção de itens essenciais de sua economia estejam tão dependentes da vinda de insumos (bens, produtos) produzidos em outros países, principalmente naqueles com os quais se têm cada vez mais discordâncias.

Se nos anos 1980, a ida das empresas para países com mão-de-obra mais barata ficaria conhecido como offshoring, hoje, este movimento contrário está sendo chamado de reshoring.

Os Estados Unidos, por exemplo, já levaram de volta para casa mais de 1,6 milhões de empregos na indústria, de 2010 a 2022

Empresas americanas trazem suas fábricas de volta aos EUA

Isto faz com que o preço dos produtos acabe ficando mais alto para o consumidor final, que vê menos oferta e menos concorrência entre empresas na disputa por sua preferência.

 

O que vem pela frente?

 

Ao mesmo tempo em que fazer previsões pode ser uma tarefa ingrata, estar preparado(a) para possíveis cenários futuros é um ato de prudência.

Da mesma forma que você precisa estar preparado(a) no caso de aparecer uma emergência financeira em sua vida, os países precisam ser capazes de antecipar as novas tendências que surgem no planeta e surfar junto com o movimento.

Esta pode ser uma ótima oportunidade para a construção de novas indústrias de produtos estratégicos em nossa economia, assim como de companhias que ofereçam serviços sofisticados para esses negócios.

Claramente, precisamos de uma coordenação entre as entidades privadas e as esferas públicas de poder, para possibilitar a qualificação da população para este cenário.

 

Fontes

 

Reshoring initiative

Fed New York

Veja

Banco Mundial

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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