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Resumo – sem perceber, seu cérebro pode induzir você a tomadas de decisão equivocadas, e o resultado pode ser muito ruim. Veja como ocorre esse processo e o que fazer para evitá-lo
Um dado assustador – mortes de bombeiros em serviço
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, entre 1984 e 2000, mostra que até 25% das mortes de bombeiros em serviço foram causadas por acidente de trânsito quando eles se deslocavam para atender as chamadas.
Porém, o mais incrível disso foi o fato de que, em 79% das vezes, os bombeiros não estavam usando cinto de segurança.
Causa muito espanto vermos as pessoas mais preparadas que conhecemos para tratar do tema de segurança esquecerem tantas vezes de usarem o cinto quando em serviço.
O que explica esse fenômeno?
A causa principal desse descuido pode também explicar porque, em muitos momentos não sua vida, você não faz o que é o certo, o que você queria fazer e o que pode te ajudar – até mesmo na vida financeira.
A escassez que o nosso cérebro sofre (quando tem que tratar as diversas demandas do dia a dia) está por trás da explicação para esses estranhos comportamentos.
Nosso cérebro é grande demandador de energia. Apesar de compor apenas 2% da massa total de nosso corpo, ele é responsável por gastar até 25% do total de energia de nosso organismo.
Dessa forma, ele sempre busca maneiras de economizar energia, automatizando processos de raciocínio e tomada de decisões.
Muitas vezes, isso nos ajuda. Em outras oportunidades, contudo, esse padrão pode nos levar para lugares perigosos.
Vamos ver um exemplo de como atua nosso cérebro
Experimente fazer a conta 17 multiplicada por 24.
Você precisará parar tudo o que está fazendo para colocar atenção total nessa tarefa.
Esta será uma tarefa que demandará atenção, de maneira única, com foco.
Então, essa é certamente uma tarefa para o sistema 2 do nosso cérebro (assim chamado pelo psicólogo Daniel Kahnemann – autor de Rápido e Devagar – livro seminal sobre o tema).
Ficou em dúvida sobre o que é esse sistema 2? Já vamos explicar de forma simples agora!
Muitas vezes, usamos o sistema que é mais rápido (sistema 1) para resolver a maioria dos nossos problemas e tarefas do dia a dia. E isso é ok, porque a maior parte das tarefas é rotineira.
Porém, quando a tarefa é complicada, em muitos momentos tentamos usar nossas habilidades do sistema automático (sistema 1), e aí o resultado dá ruim…
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Por quê tomamos decisões equivocadas?
Os vieses são esses erros recorrentes de nossa falta de percepção – quando deveríamos nos debruçar com mais cuidado na tomada de decisão para avaliar todos os lados e todas as condições.
A demanda de energia que a concentração exige nos leva, automaticamente, a buscar economia de energia e, assim, usar as respostas prontas que já temos (ou até mudar a pergunta, ou mesmo mudar o problema para encaixá-lo numa resposta que já temos).
Em muitos momentos, nosso sistema de atenção está totalmente focado em outro problema e, simplesmente, não conseguimos desligar e buscar a mudança e a análise correta.
É muito difícil deixarmos aquela tarefa super estressante e exigente para depois e incluirmos mais uma para análise, mesmo que esta última não seja tão complexa.
Isso coloca por terra aquela ideia de existem pessoas que conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo – com a mesma capacidade de atenção – e com resultados iguais aos que teria se estivesse atento somente a uma coisa.
Não, não conseguimos fazer isso. Em geral, perdemos qualidade de resolução à medida que acrescentamos mais tarefas.
Entendendo a atenção reduzida
O processo de redução de atenção tem um nome definido pela Psicologia. Tunneling, em inglês, significando uma visão de túnel, ou redução da visão.
O foco é positivo. Quando você tem pouca energia mental, você foca e consegue resolver o problema.
O tunneling é negativo. A escassez de energia leva você a restringir os pontos de atenção e negligenciar outros, que podem ser mais importantes.
Diminuindo as mortes de bombeiros em serviço
Então voltamos aos nossos bombeiros, que muitas vezes entravam nos veículos com foco total nas tarefas em que teriam que atuar (como atacar as chamas nos locais dos incêndios).
Muitas vezes, repassavam os procedimentos específicos da profissão na mente e negligenciavam um protocolo comum da vida rotineira: “assim que entrar no carro afivele o cinto”.
Essa tarefa foi agregada aos protocolos, e parece que tem surtido efeito, ajudando a diminuir o número de mortes e efeitos graves de acidentes com os carros de bombeiro.
Nas finanças pessoais, é a mesma coisa. As pessoas são limitadas, na sua visão total, por uma escassez de atenção – daí a visão de túnel reduz a capacidade de tomar boas decisões financeiras…
Isso já aconteceu com você?
Fala pra gente nos comentários!
Por João Victorino
João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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