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Como ganhar mais com a mesma ação? Veja se reinvestir os dividendos pode valer a pena!

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Foto: rido - dreamstime

Resumo – O que rende mais: reinvestir dividendos em ações, em títulos públicos ou gastar esse dinheiro com outras finalidades? Descubra a resposta aqui.

 

Feitas as apresentações, vamos à prática!

 

Em nossa série de textos sobre proventos, mostramos o que são estes benefícios pagos aos acionistas e descrevemos suas principais características mais detalhadamente.

Em seguida, apresentamos o conceito de reinvestir os dividendos pagos aos acionistas, argumentando ser plenamente possível utilizar esses recursos na compra de mais ações das mesmas companhias que concederam o benefício, seja a pessoa um investidor experiente ou, de maneira oposta, um iniciante (que possui apenas alguns poucos reais em ações da empresa).

Em ambos os casos, a escolha dessa estratégia e a persistência de seguir o plano, ao longo do tempo, pode gerar retornos muito acima da média do mercado.

 

Qual é a estratégia mais rentável ao longo do tempo?

 

Reinvestir os dividendos poderá, certamente, gerar mais lucro ao longo do tempo para quem tiver paciência, disciplina e persistência.

Por se tratar de uma tarefa que parece não gerar frutos de modo imediato, muitas pessoas acabam desistindo de executá-la no meio do caminho.

E essa sensação, à primeira vista, não está de todo errada. Nos primeiros anos, o trabalho de leitura dos balanços contábeis e acompanhamento de notícias sobre a empresa parece ser desproporcional ao retorno acumulado no investimento.

No entanto, com o passar dos anos, as probabilidades de o reinvestimento dos dividendos gerar retornos exponenciais ficam mais tangíveis.

Um dos exemplos mais famosos é o caso da evolução do patrimônio de Warren Buffett, o bilionário investidor estadunidense.

Observe que a maior parte da fortuna dele foi gerada após os seus 60 anos de idade.

Fonte: Relatórios anuais da Berkshire Hathaway - empresa de Warren Buffet

Tudo isso porque ele manteve os pés no chão, com paciência e comprometimento com sua estratégia.

Esse processo de reinvestir os ganhos em dividendos pode criar um efeito de composição em seu patrimônio (veja: o poder dos juros compostos), em que os retornos do investimento inicial e os retornos dos dividendos reinvestidos se combinam para a obtenção de uma taxa de retorno geral maior ao longo do tempo. 

Pode levar tempo, mas funciona! E é uma das formas mais seguras de investir com  ótimos retornos!

 

Vamos fazer um exercício para vermos o potencial da estratégia

 

Para mostrar quão poderoso pode ser reinvestir os dividendos recebidos, vamos mostrar algumas simulações que nossa equipe do portal ahoradodinheiro preparou para você.

  1. Em um primeiro momento, será mostrado um cenário em que os proventos pagos serão usados para o custeio de despesas do dia a dia, sem reinvestimento.
  2. Em um segundo instante, serão apresentadas simulações de reinvestimento de dividendos nas mesmas ações.
  3. Por fim, uma terceira base de comparação também será apresentada, que consiste no plano de reinvestir os dividendos recebidos em títulos públicos de alta liquidez (tesouro selic – renda fixa).

 

Qual será a empresa escolhida nesse exercício?

 

Vamos basear nossa simulação em uma empresa consolidada no setor de geração, comercialização e transmissão de eletricidade, também conhecida por ser uma boa pagadora recorrente de dividendos.

Essa companhia é a Engie Brasil (EGIE3).

Coletamos os dados diretamente da página de relações com investidores da companhia e, em seguida, já fizemos os cálculos dos rendimentos líquidos (descontados os impostos que incidem sobre os juros sobre o capital próprio).

O período analisado corresponde aos últimos 10 anos, de 2013 a 2022.

Atenção: caso você tenha a curiosidade de fazer simulações com outras empresas pagadoras de dividendos, coloque nos comentários a sugestão que você tem para nós.

 

Cenário 01 – Sem reinvestimento – usando os proventos para o pagamento de despesas do dia a dia.

 

Vamos supor que, em agosto de 2013, você decida comprar 100 ações da empresa. 

Na época, cada ação valia R$ 35,53. Portanto, o investimento inicial seria de R$ 3.553,00.

Pensando em investir no longo prazo, você não vende nenhuma ação pelos próximos 10 anos. Você pretende ganhar com a valorização do preço da ação, no momento da venda, em dezembro de 2022.

Os proventos (dividendos, juros sobre o capital próprio e bonificações) seriam utilizados para pagamento de despesas do dia a dia.

Desse modo, o investimento inicial de R$ 3.553,00, ao final do período, teria uma valorização de 102%, passando a valer R$ 7.163,66.

O que, em termos anuais, equivaleria a uma rentabilidade líquida média de 9% a.a.

Observe essas informações no gráfico abaixo:

 

Cenário 02 – Reinvestindo os dividendos na mesma ação que os distribuíram.

 

Por outro lado, vamos pensar que, ao invés de ter usado os proventos recebidos para custeio de despesas correntes, você teve condições de reinvestilos na compra de mais ações da mesma companhia e se empenhou para executar essa estratégia.

Aqui, para fins de esclarecimento, todo o valor recebido em proventos foi utilizado na compra de mais ações da mesma empresa.

Ainda que na vida real, no Brasil, não seja possível comprar frações de uma ação, consideramos o uso de números quebrados de ações para fornecer maior precisão de cálculos, usando todos os recursos disponíveis em caixa para reinvestimento.

Tendo feito esta ressalva, lembramos que os dados iniciais são os mesmos:

  • Em agosto de 2013, você decide comprar 100 ações da empresa. 
  • Na época, cada ação valia R$ 35,53. Portanto, o investimento inicial foi de R$ 3.553,00.

O que muda é o seguinte:

A partir de setembro do mesmo ano, você já recebe o valor da primeira distribuição de lucros da empresa na forma de dividendos, e decide utilizá-los para comprar mais ações da empresa.

Ao seguir esse plano ao longo dos próximos 10 anos, a cada vez que você recebesse um provento e comprasse, com o valor, mais ações da empresa, a sua evolução patrimonial teria um comportamento bastante diferente daquele observado no primeiro cenário.

Vamos ver como o investimento se comporta neste segundo cenário, logo abaixo:

Os mesmos R$ 3553,00 investidos inicialmente, no final de 2022, valeriam R$ 8.166,04.

Isso representaria uma valorização de 212% nesta janela temporal. O que, em termos anuais, equivaleria a uma rentabilidade líquida média de 15% a.a.

Veja o nosso último vídeo

 

Cenário 03 – Reinvestindo os dividendos recebidos em títulos públicos

 

Em um cenário alternativo, consideramos o caso de o investidor decidir pegar os proventos pagos aos acionistas e alocá-los em títulos públicos. (tesouro direto – renda fixa), 

O investimento seria na classe de ativos em renda fixa, pós-fixado (remunerado pela taxa selic – tesouro selic).

Dessa forma, podemos ver que o investimento inicial de R$ 3553,00 em ações da empresa, à medida que gerava novos proventos, se desenvolvia da seguinte maneira:

A evolução da curva de rentabilidade do cenário em que os dividendos são reinvestidos em títulos públicos pós-fixados (tesouro selic) é vista em amarelo no gráfico acima.

A rentabilidade líquida do investimento foi de apenas 72% ao longo dos 10 últimos anos.

O que, em termos anuais, equivaleria a uma rentabilidade líquida média de 5% a.a.

Atenção

É importante lembrarmos que consideramos a tributação sobre o ganho de capital do investimento na hora da venda, de acordo com o período de carregamento.

Por este motivo, na curva amarela, o rendimento apresenta uma queda considerável no final de 2022 (momento da venda dos títulos públicos).

Os dois cenários anteriores, por sua vez, não recebem tributação na hora da venda com ganho de capital, uma vez que se enquadram no limite de isenção para vendas de ações.

A tributação sobre os Juros sobre o capital próprio foram devidamente consideradas nesta simulação.

 

Ressalvas necessárias

 

É sempre importante relembrarmos que, no mercado financeiro, o desempenho passado nem sempre é indicativo de resultados futuros positivos, e o potencial de lucro dependerá de vários fatores, como a rentabilidade dos investimentos específicos em questão e a própria tolerância ao risco e estratégia de investimento do investidor.

 

Fontes

 

  • Tesouro Nacional
  • Relações com Investidores – Engie Brasil
  • Berkshire Hathaway

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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