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A situação está ruim, mas você pode se proteger

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MJ Graphics / Shutterstock

 

Resumo – Este texto fornece um panorama atual do ambiente de concessão de crédito para pessoas físicas no Brasil e discute a recente notícia de que bancos nacionais estão entre os mais rentáveis do mundo. Cruzamos essas duas informações para buscar as causas desse fenômeno e, ainda, sugerimos formas de proteger seu dinheiro neste cenário adverso.

 

Na última semana, surgiram duas matérias na imprensa que tratavam mais ou menos do mesmo tema. Uma abordava a questão do crédito para pessoas físicas no Brasil e a outra discutia a rentabilidade dos bancos brasileiros. Vamos ver como esses dados recentes confirmam uma difícil realidade de nosso país: um ambiente ainda com pouca concorrência, que acaba resultando em tarifas de serviços bastante altas para uma grande parcela dos clientes.

 

Oferta de Crédito no Brasil

A primeira delas falava sobre a concentração bancária no Brasil. Ali, poderia ser visto que, apesar de todos os esforços de oferta de crédito pelas fintechs, bancos digitais, entre outros participantes do mercado, os cinco maiores bancos brasileiros ainda detêm 80% de toda a oferta de crédito, empréstimos e depósitos. 

Além disso, nós podemos observar que, desde 2018, houve uma redução de 1,1% nesse número, ou seja, não mudou nada em termos práticos. Esses dados foram divulgados pelo portal Uol. Dessa forma, podemos concluir que, de cada 10 reais que são depositados no sistema bancário brasileiro, R$ 8,34 são realizados em um dos 5 maiores bancos brasileiros.

 

Os bancos mais rentáveis do mundo

A outra notícia foi do jornal Valor Econômico – onde se lia que, dos 10 bancos mais rentáveis do mundo, 4 são brasileiros. Essa rentabilidade é medida por uma sigla difícil chamada ROE (Return on Equity), que quer dizer o quanto é a rentabilidade do banco em relação ao total do patrimônio dos acionistas da corporação. Seria algo como a rentabilidade em relação ao valor aplicado.  Em primeiro lugar nesse ranking estão os bancos americanos, que compõem o mercado bancário mais importante do mundo.

Veja que o cruzamento dessas duas informações nos causa um certo desconforto. Afinal, o Brasil não é um país de alta renda e, portanto, não teria uma clientela com renda suficiente para dar conta de altas taxas de empréstimos, ou mesmo de tarifas cobradas pelas instituições financeiras. Sem contar que ainda temos uma população com pouca bancarização (os números dão conta de que apenas cerca de 60 a 70% da população tem conta em banco).

 

Mercado concentrado (com baixa concorrência)

Isso nos leva à triste conclusão de que poucos competidores dominam o mercado, o qual tem, na média, um preço (ticket) muito elevado para seus clientes (que são poucos em comparação ao número de habitantes do país).

Num país como o nosso, essas informações causam um grande impacto (ou, ao menos, deveriam). O caso aqui não é especificar instituição A ou B, mas sim que o sistema não está funcionando bem.

Os esforços do regulador para fazer com que o cliente tenha à sua disposição mais produtos – a custos melhores e para mais pessoas – parece não estar funcionando até aqui.

 

Breve história do setor bancário

Os bancos nasceram como forma de guardar seu dinheiro, para que você não ficasse com ele em sua casa e fosse vítima de quem quisesse roubá-lo de você. 

Eles então evoluíram para emprestar dinheiro para as pessoas realizarem seus projetos. Isso começou com empréstimos para os monarcas desenvolverem seus objetivos nas colônias (nas grandes conquistas dos períodos das navegações dos séculos XV, XVI e XVII) e, depois, progrediu-se no crédito para a grande burguesia. Esta, por sua vez, consolidou-se e avançou no financiamento de grandes grupos econômicos.

Assim, o setor bancário se espalhou pelo mundo como solução para tudo o que diz respeito a finanças, sendo hoje um dos segmentos mais sofisticados em termos de tecnologia. Tudo o que fazemos e tudo o que as empresas fazem precisa de bancos ou de instituições financeiras para financiá-los.

 

Clientes despreparados

Aliado a isso, incluí um tempero por minha conta. Essa situação ocorre num país que apresenta níveis educacionais insatisfatórios (demonstrados pelos péssimos resultados do Brasil em exames internacionais de qualidade do ensino). Ensino de baixa qualidade esse que se reflete numa educação financeira sofrível. A família, como não foi educada financeiramente, também não consegue educar seus filhos nesse assunto, e a escola muito menos – e o ciclo se repete.

Esse caldo dá espaço para aqueles que têm a possibilidade de criar produtos e serviços, oferecendo-os no mercado sem enfrentar muita dificuldade para obter bons resultados.

O cliente é despreparado e não tem oferta melhor ou mais barata para escolher. Tem que pagar para poucos, e pagar muito.

 

Como proteger seu patrimônio em meio a esse cenário?

Você talvez esteja se perguntando: 

E eu com isso? 

Você tem a obrigação de se proteger!

Você tem a obrigação de proteger o patrimônio de sua família, escolhendo muito bem as opções mais baratas de investimento. Prestando atenção nas explicações dos gerentes das instituições e, mais do que prestar atenção, você tem que ler os termos e condições dos produtos e serviços bancários que são oferecidos.

Hoje, existem várias instituições no mercado que cobram poucas tarifas. Em todas as instituições, há opções de contas simplificadas que garantem uma quantidade de serviços mínimos para o seu dia a dia, com tarifas limitadas e reguladas pelo Banco Central. Use esse tipo de serviço, proteja-se e cuide bem do dinheiro de sua família.

Não tenha preguiça! As grandes instituições se aproveitam do comportamento indolente da maioria das pessoas (que não têm tempo ou paciência suficientes para olhar com cuidado os extratos, ler os regulamentos no site, etc). Lute contra sua natural aversão a isso e peça ajuda. Não pague pelo que você não vai usar. A maioria dos pacotes de serviços tem várias coisas que você não usa.

Enfim, cuide do seu dinheiro do mesmo jeito que os grandes bancos cuidam do dinheiro deles.

 

Veja também: o custo de manter uma conta em banco

 

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