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Resumo – As crises do petróleo de 1973 e 1979 foram eventos que tiveram impactos econômicos relevantes e duradouros em todo o mundo. Entenda mais sobre a história destes choques e suas consequências para a economia mundial.
Breve história do petróleo
O petróleo é uma substância fóssil formada ao longo de milhões de anos a partir da decomposição de matéria orgânica, como plantas e animais, sob pressão e calor extremos.
Cerca de seis mil anos atrás, a humanidade já tinha entrado em contato com esse líquido espesso de tonalidade escura, empregando-o para fins como pavimentação de ruas, fixação de tijolos e pisos, e até mesmo como betume (a forma sólida do petróleo) para vedação de construções.
Registros históricos também indicam que o petróleo era utilizado nos Jardins Suspensos da Babilônia e até mesmo como um recurso bélico pelos gregos bizantinos.
Sua importância geopolítica e estratégica
No entanto, a verdadeira revolução do petróleo começou no século XIX. Em 1859, o primeiro poço de petróleo comercial foi perfurado em Titusville, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Isso marcou o início da exploração em larga escala e do uso crescente do petróleo como fonte de energia.
A importância geopolítica do petróleo cresceu à medida que sua demanda aumentou. As nações que detinham grandes reservas de petróleo, principalmente no Oriente Médio, passaram a desempenhar um papel central na economia global e na política internacional. Isso levou a eventos como as crises do petróleo de 1973 e 1979, que destacaram o poder desses países produtores.
Vamos ver como estas duas crises impactaram a economia global de maneira significativa:
A Primeira Crise do Petróleo (1973)
Em 1973, os países produtores de petróleo, principalmente membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), impuseram um embargo de petróleo contra nações ocidentais, como os Estados Unidos, em resposta ao apoio desses países a Israel durante a Guerra do Yom Kippur (Dia do perdão).
Isso levou a uma drástica escassez de petróleo nos países ocidentais, resultando em preços mais altos e longas filas nos postos de gasolina.
A Segunda Crise do Petróleo de (1979)
A Crise do Petróleo de 1979 foi causada principalmente pela Revolução Iraniana, que resultou na queda do regime do Xá do Irã e na ascensão ao poder do Aiatolá Khomeini.
Isso levou a uma interrupção significativa na produção de petróleo do Irã, um grande produtor na época. Assim, houve uma nova onda de aumento nos preços do petróleo, causada em parte pela instabilidade política no Oriente Médio.
Consequências das crises do petróleo no mundo
Ambas as crises do petróleo tiveram efeitos profundos na economia global, causando inflação, recessões e uma busca por alternativas de energia mais sustentáveis.
Elas também destacaram a vulnerabilidade das economias ocidentais à interrupção do fornecimento de petróleo e a importância de políticas energéticas mais diversificadas.
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O petróleo é importante componente dos índices de inflação de preços
Mesmo que você não ande de carro, o preço do petróleo influencia diretamente em seu custo de vida.
Isso ocorre porque a maior parte da malha logística brasileira ocorre no modal rodoviário. Por isso, a maioria das cargas são transportadas por caminhões, que são movidos a óleo diesel, derivado do petróleo.
Deste modo, um aumento no valor dos combustíveis impacta no custo do frete, que acaba sendo repassado nos demais produtos da economia, como alimentos.
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O cartel controla a torneira (e, por consequência, os preços)
Os países-membros da Opep detêm mais de 80% das reservas de petróleo do planeta.
Este é um dos principais motivos por que suas decisões impactam diretamente o preço desta commodity.
Para termos uma ideia, apenas os 4 países com as maiores reservas de petróleo no mundo detêm ¾ de todas as reservas do mundo.
País | Reserva (em percentual do total global) |
Venezuela | 24,4% |
Arábia Saudita | 21,5% |
Irã | 16,8% |
Iraque | 11,7% |
Fonte: Opep (2022)
Além disso, a OPEP responde por uma parcela significativa da produção mundial de petróleo, o que lhe permite influenciar os preços. Quando os membros da OPEP cooperam para ajustar a produção, eles podem controlar a oferta e, portanto, os preços.
Aliada a estes fatores está uma capacidade de resposta rápida. A OPEP é capaz de tomar decisões rápidas em relação à produção de petróleo, o que lhes permite responder a mudanças nas condições de mercado, como aumentar ou diminuir a produção conforme necessário.
No entanto, é importante notar que o controle total dos preços do petróleo pela OPEP nem sempre é absoluto, e outros fatores, como a demanda global, a produção de não membros da OPEP e eventos geopolíticos, também afetam os preços.
Não se pode esquecer, ainda, que a OPEP frequentemente enfrenta desafios internos para manter a cooperação entre seus membros.
O panorama atual
Hoje, o petróleo continua sendo uma commodity vital para a economia mundial, com implicações significativas para a segurança e a política global.
Na busca por maior autonomia, procurando diminuir a dependência do produto frente aos países da OPEP, os Estados Unidos se tornaram os maiores produtores mundiais de petróleo.
Ainda assim, o preço do chamado “ouro negro” ainda é fortemente influenciado pelos países membros do cartel.
Um dia o petróleo vai acabar – ou vamos utilizá-lo bem menos
O desenvolvimento de fontes de energia alternativas e renováveis é um reflexo do reconhecimento das questões ambientais e da necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis de nossa matriz energética.
Dessa forma, ainda na década de 1970, o Brasil desenvolveu o programa Proálcool, que deu incentivo ao uso de veículos movidos a álcool no país.
O etanol é uma alternativa com impactos muito menores ao aquecimento global quando o assunto é emissão de carbono na atmosfera.
Fala-se, inclusive, que esta fonte de energia seja neutra em emissões de carbono, o que a torna muito atraente em um cenário onde alternativas ESG / ASG estão cada vez mais aclamadas.
Assim, em tempos de transição energética global, o Brasil está muito bem posicionado para surfar a onda de ampliação do mercado do etanol para outros países, como Índia e Estados Unidos, buscando uma padronização do produto, com a perspectiva de poder exportá-lo em grande volume a seus parceiros comerciais
Na outra ponta da busca pela descarbonização, a tecnologia de carros movidos a baterias elétricas também vai atraindo os olhares do mercado.
A expectativa é que este modelo de propulsão seja cada vez mais uma alternativa mais economicamente viável ao de origens fósseis nas próximas décadas, ainda que também levante preocupações a respeito das externalidades (das consequências da extração dos minérios para a produção das baterias em larga escala).
Fontes
Por João Victorino
João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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