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Além da conta: Quanto dar de gorjeta?

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Ben Molyneux - Dreamstime

Resumo – Neste texto, vamos explorar as diferentes práticas de gorjetas existentes no Brasil e em outros países.

 

As gorjetas, ou tips (no inglês), são uma prática que varia significativamente ao redor do mundo, refletindo as distintas culturas e normas sociais de cada país.

Em época de festas, como acabamos de vivenciar, muitas pessoas costumam comparecer com maior frequência a estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, hotéis e similares, e a prática é recorrente no Brasil, sendo opcional para o cliente, geralmente variando na faixa dos 10%. 

Em algumas cidades, como São Paulo, o valor é de 13%, com a justificativa de que esse valor mais alto serve para reter a mão de obra qualificada. Uma comparação interessante pode ser feita entre Brasil e Estados Unidos, dois lugares onde a cultura das gorjetas desempenha papéis únicos na experiência gastronômica.

Por essa razão, fiz uma lista com alguns países e suas respectivas formas de lidar com o recebimento da gorjeta:

 

Gorjetas nos EUA

 

Nos Estados Unidos, as gorjetas são consideradas uma parte fundamental da remuneração dos trabalhadores do setor de serviços, especialmente em restaurantes.

Os clientes geralmente deixam uma porcentagem do valor da conta como forma de reconhecimento pelo serviço prestado.

Nos EUA, é comum dar 15% a 20% do valor total da conta, mas muitos clientes optam por oferecer mais, especialmente se o atendimento foi excepcional.

 

Gorjetas no Brasil

 

No Brasil, a prática de dar gorjetas também é comum, embora as normas sejam menos rígidas em comparação com os Estados Unidos.

A maioria dos estabelecimentos adiciona automaticamente uma taxa de 10% à conta como serviço, mas muitos clientes optam por arredondar o valor total para cima como gesto de apreço ao serviço.

A Lei nº 13.419/2017, em seus parágrafos 3 e 4 do artigo 2º, mostra o que caracteriza uma gorjeta. Veja abaixo:

“§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.”

“§ 4º A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria dos empregadores, destina-se aos trabalhadores e será distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho.”

 

Gorjetas na China

 

Na China, a prática de dar gorjetas não é comum e pode até ser vista como ofensiva em alguns casos. O serviço é geralmente incluído na conta.

 

Gorjetas no Japão

 

No Japão, a cultura das gorjetas é praticamente inexistente. Oferecer uma gorjeta pode ser mal interpretado, pois o serviço de qualidade é considerado padrão e parte da experiência.

 

Gorjetas na Austrália

 

Na Austrália, as gorjetas não são tão comuns quanto em outros lugares. O salário mínimo é mais alto para trabalhadores do setor de serviços, o que diminui a dependência das gorjetas.

 

Sistema de Comissões na Europa

 

Em muitos países europeus, uma taxa de serviço já está incluída na conta. No entanto, muitas pessoas ainda arredondam a conta para cima como gesto de apreço.

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Diferenças culturais devem ser levadas em consideração

 

O fato é que a cultura de dar ou não a gorjeta revela diferenças econômicas e também culturais.

O maior exemplo disso é nos EUA, já que muitas vezes, os garçons dependem das gorjetas para complementar seus salários, enquanto no Brasil, embora as gorjetas sejam bem-vindas, não são uma fonte tão crucial de renda.

Neste sentido, não existe uma regra específica sobre quanto dar de gorjeta, no entanto, ao criar um método que leve em consideração a qualidade do atendimento e a cordialidade, é importante considerar as normas culturais locais.

Nos Estados Unidos, a porcentagem é frequentemente usada como indicador, enquanto no Brasil, o arredondamento para cima é mais comum.

 

Um método para basear o valor de suas gorjetas

 

Porém, independente do país, uma regra que pode ser levada em conta é a qualidade do serviço e é possível ser implementada por você mesmo.

Inclusive, existem algumas pessoas que criam uma escala de qualidade, e aumentam o percentual de suas gorjetas a serem dadas conforme a qualidade do serviço prestado. Conforme exemplifico abaixo:

 

    • 10% – Serviço ok (mas abaixo da média);
    • 15% – Padrão (bom serviço, nada fora do comum);
    • 20% – Ótimo serviço (o prestador de serviços e o estabelecimento te fizeram sentir bem pela experiência);
    • 25% – Serviço excepcional (eles foram ao infinito e além para satisfazer suas necessidades);
    • 30% – Quando um estabelecimento favorito atravessa períodos difíceis ou foi vandalizado/roubado.

 

Em última análise, a prática de dar gorjetas é uma expressão cultural e social. Adaptar-se às normas locais, enquanto reconhece a qualidade do serviço, garantirá uma experiência agradável tanto para o cliente quanto para o profissional que presta o serviço.

 

Generosidade é o caminho

 

Um caso recente que ficou nacionalmente conhecido foi o do jogador de futebol Hulk, do Atlético Mineiro, que deu R$ 400 de gorjeta para os funcionários de um comércio de frangos de sua cidade natal, Campina Grande, onde  comprou o alimento.

Por outro lado, caso o seu orçamento esteja limitado, o meu conselho é fazer menções do serviço da pessoa para seus amigos, familiares e conhecidos. Não menospreze o poder da propaganda “boca a boca”.

Sabemos que só a prática das gorjetas não resolverá os graves problemas de desigualdade de oportunidades no país. Honestamente, nenhuma medida funciona sozinha.

De qualquer modo, a generosidade deve ser incentivada e, principalmente, praticada com maior frequência em nossa sociedade. Assim, mostramos que estamos caminhando em direção a um futuro mais harmônico e equilibrado.

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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