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Palavrões que o mercado financeiro fala para assustar você – parte 6 (Derivativos)

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Tero Vesalainen - shutterstock
 

Resumo Hoje, a parte 06 da série de textos em que ajudamos você a traduzir os palavrões do mercado financeiro vai abordar temas relacionados ao

(1) mercado de derivativos (o que são? para que servem?),

(2) o conceito de mercados futuros e

(3) apresentação do conceito de hedge.

 

Derivativos

 

O termo, em si, já nos dá ideia de sua natureza: 

Derivativos são contratos que têm seus valores dependentes (derivados) de outros ativos. Ou seja ,eles estão conectados ao seu ativo original. Você não estará investindo no ativo original e sim num ativo que está ligado de alguma forma a ele.

Por isso, o nome derivativos.

Os derivativos mais tradicionais são do grupo de commodities (matérias-primas), de câmbio (moedas estrangeiras), de juros (swap), e de índices (Ibovespa, S&P 500, etc). 

Antes de nos aprofundarmos em suas aplicações práticas, precisamos entender melhor as suas principais características.

 

Características gerais

 

Por serem contratos, neles são expressos direitos e obrigações entre duas partes de um acordo: uma compradora e outra vendedora.

Assim, as condições em que são feitas as negociações (como a data de realização da operação, data de vencimento do contrato, data de liquidação dos valores estipulados, valor financeiro da operação, formas de ajustes diários de preços, entre outros) podem ser definidas com maior segurança jurídica. 

No entanto, ao participar de uma transação com derivativos, não espere assinar um contrato formal (estipulando e delimitando as condições que devem ser cumpridas a negociação) para cada nova operação com estes produtos.

O que ocorre é o seguinte: as instituições de intermediação (bolsas de valores, bolsas de mercadorias e futuros, câmaras de compensação) emitem registros para todas as transações (através de notas de corretagem ou extratos de movimentação), com o objetivo de identificar cada operação.

A adoção desses registros significa que os participantes do mercado aceitaram os termos e condições estabelecidos pelas instituições intermediárias, na forma de um contrato jurídico padrão mostrado, geralmente, na hora de seu cadastro inicial na corretora. 

Uma vez que os termos foram aceitos, não há mais necessidade de formalizar cada operação de compra e venda de modo tradicional. Para ganhar tempo e praticidade, você deverá receber uma assinatura eletrônica, com a qual confirmará suas intenções de compra e venda através do simples comando nos botões “comprar” e “vender” na sua tela.

 

Principais aplicações dos derivativos na sociedade

 

Em algum momento da sua vida, você provavelmente já deve ter tido contato com produtos tradicionais de seguro, como seguro de vida, saúde, automóvel, residencial, entre vários outros.

Agora, você sabia que também é possível contratar seguros para seus investimentos?

Sim, e vamos te mostrar  como isso acontece, com dois exemplos:

 

Exemplo 1

 

Imagine que você trabalhe na produção de milho de uma fazenda, e a colheita esteja prevista para ser concluída daqui a quatro meses. 

Neste exato momento, o valor da saca da soja está R$ 90, e você teme que o preço do produto possa estar mais baixo na hora da venda.

É neste instante que o derivativo entra em campo: por meio do ambiente de negociação chamado mercado futuro (também pode ser mercado a termo), os produtores podem se proteger das oscilações de preços até a colheita ao fechar um contrato futuro de venda de milho.

Desta forma, caso a venda seja efetuada pelo valor de R$ 90, mas o preço caia para R$ 80 no momento da entrega (em quatro meses), devido ao contrato assinado, o capital da empresa está livre do risco de queda do preço da saca, pois foi adquirido o direito de se vender o produto ao preço de R$ 90. Por outro lado, deve ser cumprida a obrigação de entrega física do produto na data e nas quantidades acordadas.

 

Exemplo 2

 

Imagine que você seja presidente de uma empresa exploradora de petróleo, a qual teve que importar maquinário altamente refinado e com tecnologia de ponta para exploração do produto de modo mais eficiente.

Como você deve deduzir, a compra deste maquinário não foi barata. Além do mais, ela não foi efetuada em Real brasileiro (R$), mas em Dólar americano, uma vez que foi importada dos EUA. O valor total de operação foi de US$ 50 milhões, dividido em 5 anos. 

No momento da compra, o dólar estava valendo R$ 5,00. Mas os executivos da empresa, ao avaliarem o risco de valorização da moeda americana nos próximos 5 anos, acharam prudente fazer o seguro da operação. Por isso, aconselharam você a fazer um hedge.

Um hedge nada mais é do que um seguro, uma proteção em caso de variação do preço do ativo a que você esteja exposto no momento. Ele pode ser feito através do mercado futuro de câmbio, onde é possível comprar dólar futuro.

Assim, se o preço do dólar subir para R$ 6,00 no próximo ano, por exemplo, a sua operação está segura (travada / hedgeada), pois o aumento de custos ocasionado pelo pagamento da parcela do maquinário (em dólar) será neutralizado com os ganhos de capital desta operação no mercado futuro.

 

Mas por qual motivo as empresas fazem hedge?

 

Se elas poderiam ganhar com a desvalorização do dólar e pagar menos reais pela máquina, por que isso seria vantajoso?

Uma das explicações está na previsibilidade. Essa é uma das palavras-chave quando estamos falando de finanças. Os agentes do mercado gostam muito de enxergar previsibilidade dos fluxos de dinheiro, e qualquer fator que eleve incertezas nos cenários de seus investimentos acaba causando oscilações bruscas de preços.

Por isso, o hedge é um mecanismo de estabilização de preços que contribui para uma gestão de risco mais eficiente e, em última instância, ajuda a manter os preços dos produtos do nosso dia a dia mais estáveis ao longo do tempo.

Está gostando desta apresentação sobre o mundo dos derivativos? Ainda tem mais!

Continue com a gente e veja em breve mais detalhes sobre estes produtos na parte 7 da nossa série de palavrões do mercado.

 

Referências

 
  • Marins, A. Mercados derivativos e análise de risco. Vol. 1. 
  • Hull, J. Opções, Futuros e Outros Derivativos. 9ª Edição, 2016. Capítulo 1.

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

Veja os demais textos da série

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