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Músicas antigas e lições financeiras eternas

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Dreamstime - Georgios Kollidas

Resumo – Como os sambas antigos refletem a visão do bresileiro sobre o dinheiro?

 

No vasto repertório da música brasileira, os sambas antigos ecoam histórias de vida, amor, alegria e também de uma relação intrínseca com o dinheiro. 

Nesses ritmos cadenciados, encontramos reflexões sobre a busca pela riqueza, a ostentação, mas também a simplicidade e a sabedoria popular em lidar com os recursos financeiros.

 

“Pra Que Dinheiro?” – Martinho da Vila 

 

Esta é uma música emblemática na obra de Martinho da Vila. A canção é uma reflexão poética sobre o verdadeiro valor das coisas na vida, destacando que o dinheiro, por si só, não é capaz de proporcionar felicidade plena, como a conquista do amor manifestado nos versos:

 

Aquela mina não quis me dar bola

Eu tinha tanta grana pra lhe dar

Chegou um cara com uma viola

E ela logo começou rolar

 

“Feitiço da vila” – Noel Rosa

 

Continuando com sambas que celebram a alegria de viver com simplicidade, como “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa. 

Nessa música, o protagonista, mesmo sem dinheiro no bolso, encontra na felicidade simples dos momentos cotidianos uma riqueza inigualável. Vejamos um trecho que ilustra a ideia.

 

A vila tem um feitiço sem farofa

Sem vela e sem vintém

Que nos faz bem

 

É um lembrete de que o verdadeiro valor da vida não está na quantidade de dinheiro que se possui, mas sim nas relações e nas experiências que se acumulam ao longo do caminho.

 

“Onde está o Dinheiro” – Gal Costa

 

Com uma letra marcante, a canção critica a corrupção, a desigualdade social e a busca desenfreada pela riqueza material, revelando as consequências devastadoras desse comportamento para a população local, como no trecho a seguir: 

 

Onde está o dinheiro?

O gato comeu, o gato comeu

E ninguém viu

O gato fugiu, o gato fugiu

O seu paradeiro

Está no estrangeiro

Onde está o dinheiro?

 

Gal Costa, com sua voz poderosa e emotiva, transmite a mensagem de indignação e urgência por uma reflexão sobre os verdadeiros valores que regem nossas vidas.

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“O Ouro e a Madeira” – Ederaldo Gentil

 

Em sua genialidade poética, Gentil compõe uma canção que contrasta a riqueza do ouro com a simplicidade da madeira, fazendo uma crítica à ganância e ao poder do dinheiro, como você vê abaixo:

 

O ouro afunda no mar
Madeira fica por cima
Ostra nasce do lodo
Gerando pérolas finas

 

“Pecado Capital” – Paulinho da Viola

 

Paulinho da Viola faz uma reflexão sobre a volatilidade do dinheiro e como ele pode desaparecer tão rapidamente quanto surge, deixando as pessoas em situações difíceis.

 

Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval!
Na vida de um sonhador
De um sonhador!
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou…

 

Em outra parte da canção, ele também faz o alerta de que a posse do dinheiro pode trazer benefícios para a vida, ainda que acarrete muitas vezes em solidão.

 

Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!

 

Algumas reflexões sobre as letras

 

Ao percorrer os meandros dessas letras atemporais, somos convidados a mergulhar na alma brasileira e a refletir sobre nossa própria relação com o dinheiro.

Um fator que parece presente em muitas canções é a percepção de que o dinheiro, por si, já representa automática e essencialmente valores negativos. Precisamos tomar cuidado com essa ideia.

 

Veja também:

Dinheiro traz felicidade?

Afinal, o que é ser rico?

A garota materialista

Não somos escravos do dinheiro

 

É fato que não devemos viver em busca apenas de bens materiais, o dinheiro como fim em si mesmo. Mas devemos nos questionar como melhorar a vida da nossa sociedade, a como resolver os problemas atuais.

Assim, naturalmente você enxerga oportunidade de melhoria na vida de todos ao seu redor e ainda consegue juntar uma reserva para o seu futuro, a sua segurança e para maior tranquilidade frente a imprevistos.

Afinal, assim como nas melodias dos sambas antigos, a dança do dinheiro na vida real é uma mistura complexa de sonhos, desafios, prazeres e dores, que nos ensina, a cada compasso, a encontrar o equilíbrio entre a busca pela prosperidade e a valorização do que realmente importa.

Por João Victorino

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA - USP. Executivo em empresas multinacionais nas áreas de desenvolvimento de negócios, marketing e estratégia. Possui ampla experiência no empreendedorismo e hoje divide esses aprendizados. Para isso, o especialista criou e lidera o canal A hora do dinheiro , com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.

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